Imigração: Fazer Barulho - parte 2 - Editorial

Por Marisa Arruda Barbosa

thumb

Na semana passada, falamos sobre o caso da Brasil Courier, no qual clientes agora estão em fase de “fazer barulho” para chamarem a atenção de autoridades brasileiras. Nesta semana, “fazer barulho” imigrou para os Estados Unidos, justamente na questão da imigração.

Vimos que, nos últimos meses, estudantes lutando pelo Dream Act fizeram barulho, em movimentos como “Undocumented and Unafraid” (indocumentados sem medo), quando fizeram marchas por todo o país lutando por seus direitos. O Gazeta conversou, nos últimos meses, com jovens participando desse movimento, incluindo Tereza Lee, a brasileira que inspirou a versão original do projeto de lei Dream Act.

Em partes, esses jovens conseguiram o que queriam, através de uma argumentação séria, que inclui professores e políticos, e o presidente Barack Obama assinou uma ordem executiva, da qual grande parte desses jovens será beneficiada. A partir do dia 15 desse mês, como pode ser visto na página 28 desta edição, jovens poderão dar entrada em seu processos.

Em paralelo, estudantes indocumentados de direito têm aparecido em jornais do país lutando por seus direitos de entrarem nas ordens dos advogados estaduais (Bar Association), já que se qualificam em todos os sentidos para tal, exceto por seu status imigratório. Isso tem gerado dúvida nos estados. O Departamento de Justiça do EUA determinou, no dia 2, com vista em um caso recente na Califórnia, que não está no poder do estado permitir ou não que um indocumentado pratique a advocacia.

Ao mesmo tempo, o Florida Board of Bar Association disse, baseado em outro caso, que um imigrante mexicano indocumentado parece se qualificar para tirar a licença de advogado no estado da Flórida, mas ainda espera por uma decisão da Suprema Corte do estado para tal.

Contradição? Sim, mas a contradição demonstra dúvida e discordância, o que dá esperança a esses jovens advogados a lutarem e fazer barulho pelo que acreditam ter direito.

Na manchete desta semana, retratamos o caso de um imigrante brasileiro indocumentado que tem a deportação voluntária assinada. Ele tem até o dia 29 para recorrer, caso consiga uma assinatura do Broward Sheriff’s Office (BSO), atestando que ele foi vítima de um crime, quando recebeu um telefone com ameaças de outro brasileiro denunciado por ele. Caso consiga a assinatura, poderá dar entrada a um visto especial para vítimas de crimes, o U-Visa.

Como não consegue se comunicar com o BSO, este brasileiro entrou em contato com o Gazeta dizendo que pretendia “fazer barulho” por seus direitos, ameaçando até fazer greve de fome em frente à delegacia. O BSO, no entanto, diz que nesse caso não é possível ajudá-lo (veja informações completas na página 23). Por isso, o Gazeta investigou mais sobre o U-Visa para averiguar quais as chances que ele tem. Pelo que parece, o U-Visa é somente para vítimas de crimes sendo investigados e não em casos fechados. Como tem medo do que este outro brasileiro possa fazer no Brasil, não seria o caso de pedido de asilo? Veremos nos próximos dias o que ele conseguirá conquistar.