Estudantes brasileiros ainda aguardam liberação para entrar nos EUA

Perdendo bolsas de estudos e dinheiro, mais de 100 estudantes pedem posicionamento das autoridades

Por Arlaine Castro

Centenas de estudantes estão no Brasil sem poder fazer aulas presenciais nas universidades que estão matriculados nos EUA.

Desde julho, em torno de 100 estudantes brasileiros ainda aguardam no Brasil uma resposta para poderem entrar nos Estados Unidos e assistir as aulas presenciais nas universidades que estão matriculados. Alunos de graduação e pós-graduação, alguns já perderam bolsa de estudos e estão pagando aluguel onde iriam morar. O grupo ainda tenta junto a deputados e ao Itamaraty, que seja retirada a suspensão para eles, assim como já foi feito para estudantes de outros países.

Parte do grupo conseguiu ir para o México ou outro país, para uma quarentena de 14 dias, e entraram nos EUA. Mas a outra parte que não tem condições de fazer o mesmo, segue aflita no Brasil.

Carol Nakata, de 20 anos, está fazendo aula online. No último ano do curso de Psicologia e Comunicação na Malone University, em Ohio, ela perdeu uma das bolsas de estudo, mas vai poder continuar no curso porque tem outras. "Graças a Deus eles abaixaram as taxas por eu não estar lá e fiquei com algumas bolsas, então estou conseguindo continuar meus estudos. Não fui pro México nem Europa fazer quarentena e estou esperando pra que tirem o travel ban", conta.

We the Foreigner's

Com a campanha no Brasil um pouco parada por causa da falta de respostas do Itamaraty e autoridades brasileiras a respeito, o jeito é esperar. Nakata enfatiza que o grupo, que antes contava com uns 200 estudantes, fez de tudo para conseguir apoio e pressionar pessoas de poder no caso. "Porém, já que nada foi liberado, o movimento acalmou e muitos foram pro México", relata.

A maioria dos que perderam bolsa é estudante de pós-graduação que havia conseguido trabalho também. Bruna Pacheco é um deles. No final de agosto, Bruna começaria seu mestrado em Global Business em Fulton, Missouri, na Universidade William Woods com 100% de bolsa, mais moradia e alimentação. Tenista, ela tinha conseguido um emprego como Assistant of Sports Information Director na área de comunicação de esportes da universidade. "Já estava tudo encaminhado. Me formei na área de comunicação para poder trabalhar com isso. Porém, agora, estou procurando qualquer posição na universidade para eu poder voltar!", desabafa.

A estudante conta que algumas pessoas estão indo para o Equador tirar o visto, uma vez que no Brasil a emissão está suspensa temporariamente. "Teve gente que foi para o Equador para poder tirar o visto e depois entrar nos EUA. Lá e em outros países estão liberando o visto. No Brasil que não. Também liberaram a entrada de estudantes de outros países como viagem essencial, mas o Brasil infelizmente continua de fora", analisa.

Entrevistas canceladas

Com a emissão de vistos americanos cancelados temporariamente até outubro, pelo menos, as entrevistas que estavam agendadas não estão acontecendo.

É o caso do estudante Bruno Andrade, de Salvador (BA), aluno da University of Nebraska-Lincoln cujas aulas presenciais iniciaram desde o final de agosto. Ele tinha agendado para tirar o visto de estudante (F-1), mas os consulados fecharam e a emissão de vistos foi suspensa. "Eles sempre marcam data para a entrevista de visto mas cancelam de última hora. Está sendo assim há quase três meses. O prazo para eu chegar na minha universidade está acabando (20 de setembro) e provavelmente terei que fazer esse semestre todo online e só entrar lá no próximo. Ainda estou na esperança que abram a fronteira para pelo menos os estudantes, que já deveriam ter sido isentos do travel ban desde o começo", afima.

Enquanto isso, Bruno está fazendo o primeiro semestre online, mas conta que se sente prejudicado porque tem aula que exige o modelo "in-person", pois exige movimento e performance, segundo ele.

Além disso, o lado financeiro também está pesando. Ele está pagando aluguel onde iria morar. "630 dólares por mês. 1260 dólares já foram pagos sem eu estar lá por causa do contrato. Quis garantir meu apartamento pois na época parecia estar tudo certo. Eu iria fazer uma quarenta em outro país antes de entrar. Mas nunca iria imaginar que os consulados iriam ficar cancelando as entrevistas de última hora e até hoje está assim", desabafa.

Leia a matéria completa no gazetanews.com.