Mais de 7,6 brasileiros foram detidos na fronteira entre EUA e México em 2020

Por Gazeta Brazilian News

7.621 brasileiros foram detidos por agentes do CBP no período.

Mesmo com a pandemia, pelo menos 7.621 brasileiros foram detidos por agentes da U.S. Customs and Border Protection (Serviço de Proteção de Fronteiras e Alfândega) enquanto cruzavam ilegalmente as fronteiras terrestres entre o México e os Estados Unidos.

Os dados se referem ao ano fiscal de 2020 (entre outubro de 2019 e setembro de 2020). Em números gerais, em abril de 2020, apenas 16 mil pessoas foram encontradas por autoridades americanas tentando migrar ilegalmente, um número considerado extremamente baixo para os padrões de migração da região.

Os dados de setembro de 2020, no entanto, apontam para uma clara retomada do movimento, com 58 mil pessoas detidas no período.

No total, 402,8 mil pessoas sem documentos tentaram entrar nos Estados Unidos no ano fiscal de 2020. O número representa uma queda de 65% em relação ao total de migrantes ilegais apreendidos em 2019. Considerados apenas os brasileiros, a queda na entrada de 2019 para 2020 foi de 58%.

Com a pandemia, desde maio de 2020, os Estados Unidos baniram a entrada de qualquer pessoa que tenha estado no Brasil nos 14 dias anteriores à viagem ao país, como forma de evitar a transmissão de coronavírus de um país para o outro. A interdição é válida ainda hoje e atinge mesmo aqueles que possuem vistos americanos válidos, com exceção de autoridades e cidadãos americanos.

Mesmo assim, muitos brasileiros continuam se arriscando. Em relação a 2019, quando o número de brasileiros detidos pelo CBP superou os 18 mil, um recorde, o número de 2020 é quase 5 vezes maior do que o registrado em 2018, quando 1,6 mil cidadãos do Brasil foram apreendidos nas fronteiras ,analisou a BBC News Brasil.

Em 2020, 94% dos brasileiros detidos nessa situação por autoridades americanas foram encontrados nos arredores da fronteira com o México, especialmente em El Paso (Texas), que em 2019 já se mostrava a principal rota ilegal de acesso de brasileiros ao país.

Segundo Mark Morgan, o chefe do Controle de Fronteiras no país, traficantes de pessoas passaram a ver no Brasil uma população interessante a explorar, dado o aumento na dificuldade de levar ao país nacionalidades mais visadas pelas medidas restritivas do governo Trump.

Embora seja ainda muito inferior ao contingente de migrantes do México ou da América Central, o fluxo de brasileiros indocumentados passou a preocupar autoridades americanas no final do ano passado.

Segundo Mark Morgan, o chefe do Controle de Fronteiras no país, traficantes de pessoas passaram a ver no Brasil uma população interessante a explorar, dado o aumento na dificuldade de levar ao país nacionalidades mais visadas pelas medidas restritivas do governo Trump.

Por isso, desde o fim de janeiro de 2020, o governo americano incluiu cidadãos do Brasil em um protocolo de segurança criado em 2019, que remete automaticamente de volta para o México migrantes indocumentados encontrados pelo serviço de fronteira.

Assim, os brasileiros teriam que esperar por meses em território mexicano pela resposta a um eventual pedido de asilo ou outros procedimentos migratórios americanos.

Antes, como sempre acontecia, brasileiros recebiam uma ordem para se apresentar ao juizado de imigração em uma certa data, mas eram liberados para aguardar no território americano. Na prática, parte desses migrantes jamais comparecia ao juizado.

Desde o fim de 2019, o governo brasileiro passou a aceitar que os Estados Unidos fretassem voos para remeter ao Brasil cidadãos detidos na fronteira com o México de maneira expressa, sem esperar o processo de imigração ou de asilo. Esse tipo de deportação, em que brasileiros não têm o direito de se apresentar ao juizado, não era adotada pelos americanos desde 2006.

Para acessar os dados no site do CBP, clique aqui.