Mais titulares de green card estão se tornando cidadãos americanos

Flórida foi o terceiro estado em número de naturalizações em 2019

Por Arlaine Castro

Após 10 meses de processo, a mineira Raquel Terci, 42 anos, moradora de Coral Springs, se tornou cidadã americana no dia 25 de setembro.

 

 

 

 

O interesse pela naturalização americana entre as comunidades de imigrantes é alto. Mas, nos últimos anos, um número cada vez maior de titulares de green card decidiu dar o próximo passo e se tornar cidadão naturalizado. No ano passado, 843.593 imigrantes fizeram o juramento - o maior número em 11 anos - de acordo com o Escritório de Estatísticas de Imigração do Departamento de Segurança Interna. Em 2018, foram 761.901 imigrantes naturalizados.

De acordo com o DHS, o número médio de pessoas que se naturalizaram aumentou gradualmente de menos de 113.000 por ano durante os anos 1950 e 1960 para 210.000 por ano durante a década de 1980, 500.000 durante a década de 1990 e 680.000 por ano entre 2000 e 2009. Desde 2010, a média do número anual de naturalizações aumentou para mais 730.000 pessoas.

Países de origem

Os principais países de nascimento de cidadãos recém-naturalizados no ano fiscal de 2019 foram México (122.286), Índia (64.631), Filipinas (43.668), (China) (39.490) e Cuba (36.246), segundo relatório do DHS.

Número por estado

A Califórnia continua sendo o estado com maior número de naturalizados (148.765), seguido por Texas (97.675) e Flórida (96.149), aponta o relatório. 

Quando se comparam as regiões metropolitanas, a de Miami-Fort Lauderdale-Pompano Beach foi a segunda maior do país em número de imigrantes que conquistaram a cidadania no último ano fiscal, responsável por 60,590 naturalizações, ultrapassando até mesmo a região metropolitana de Los Angeles-Long Beach-Anaheim, na Califórnia. Em primeiro lugar permanece a região de New York-Newark-Jersey Shore (NY-NJ-PA), diz o gráfico do DHS.

Brasileiros

Na contramão do aumento geral, os brasileiros que se naturalizaram americanos diminuíram de 10,538 em 2018 para 10,451 em 2019, segundo a tabela do DHS, representando 1,2% dos imigrantes que se tornaram cidadãos dos EUA no último ano fiscal.

Vitória após 15 anos

Conquistar a cidadania americana foi para o carioca Kelmer Neves, de 44 anos, muito mais do que um sonho, mas uma vitória depois de 15 anos de uma batalha legal contra a deportação que foi parar na Suprema Corte, mudou a lei de imigração dos EUA e virou um documentário.

Hoje assessor jurídico e intérprete, Neves mora em Deerfield Beach e precisou de 20 anos para tudo isso acontecer. "Foram 15 anos na luta pelo green card e mais cinco até a cidadania, que obtive no ano passado. O prazo entre a aplicação e a cerimônia que foi rápido, seis meses", contou ao Gazeta News.

O caso Neves vs Holder abriu precedente legal para imigrantes nos EUA que possuem ordem de deportação. Por causa de um falso advogado, Neves ficou na mira das autoridades de imigração para ser deportado. Com muita dedicação, estudo e persistência, conseguiu mudar o rumo de sua história e hoje ajuda outros imigrantes. (Veja entrevista na página 13).

"Está mais difícil"

Este ano, vários brasileiros já estão passando pelo processo. A mineira Raquel Terci, 42 anos, moradora de Coral Springs se tornou cidadã no dia 25 de setembro. "Meu processo durou 10 meses. E na entrevista, além das 10 perguntas do guia, eles também fazem todas as perguntas relacionadas ao formulário (N-400) e de palavras separadas como totalitarismo, por exemplo. Em comparação com algumas amigas que fizeram a entrevista há alguns anos, mudou e está mais difícil agora", afirma.

Arquivo pessoal - Verônica Furtado

Neste ano fiscal 20202021, iniciado dia 1° de outubro, pode ser que mais brasileiros busquem a cidadania. Uma que já entrou na estatística é a esteticista Verônica Furtado, 33 anos, que fez a entrevista em Fort Lauderdale na segunda-feira, 16. Segundo Furtado, o processo para a naturalização durou 7 meses e ao contrário de Raquel, disse que foi tranquilo. "Eu apliquei em abril desse ano. Foi tranquilo, respondi somente seis perguntas do questionário porque eu acertei e eles pararam. Seguiram o protocolo, revisaram todo o formulário e me deram ok", conta.

Na verdade, conforme anunciado pela agência, algumas alterações estão previstas para a entrevista, com mais perguntas e maior pontuação também. De acordo com memorando, as mudanças devem começar em dezembro.

Além disso, a taxa de depósito para pedidos de naturalização aumentará dos atuais US$ 725 para $1.170, provavelmente também em dezembro.

A cidadania americana oferece diversos benefícios aos imigrantes recém naturalizados, incluindo o direito de votar. Este ano, mais de 23 milhões de cidadãos naturalizados foram elegíveis para votar nas eleições presidenciais - correspondendo a cerca de 10% do eleitorado do país, a maior parcela desde 1970 - de acordo com o Pew Research Center.