Operação "Cai-Cai": PF prende 11 pessoas ligadas à imigração ilegal de MG para os EUA

Por Arlaine Castro

A operação, batizada de Cai-Cai, prendeu autoridades no leste de Minas Gerais.

A Polícia Federal deflagrou na manhã desta quinta-feira, 3, com o apoio da Polícia de Imigração e Alfândega - Homeland Security Investigations (HSI), na Embaixada dos EUA em Brasília, a terceira fase da Operação Policial CAI-CAI, para combater promoção de imigração ilegal de brasileiros de Minas Gerais para os Estados Unidos.

Onze pessoas foram presas em Governador Valadares e mais seis cidades do Leste de Minas Gerais, dentre elas ex-prefeitos, um prefeito eleito e um vice-prefeito em final de mandato. Os nomes deles não foram divulgados. Outros 21 mandados de busca e apreensão estão sendo cumpridos.

Se condenados, os presos e demais investigados podem cumprir até 16 anos de reclusão; sujeitos a aumento de pena, condicionado à quantidade de crimes imputados a cada um deles. Na primeira fase da Operação, um dos réus foi condenado a 127 anos, tendo sido identificados 270 crimes, segundo a PF.

Desde 2019 

As investigações, que fazem parte de ação de cooperação policial internacional contra o tráfico de pessoas, tiveram início em outubro de 2019, após recebimento de três notícias de crime diferentes, enviadas por três unidades distintas da PF, localizadas em três estados, tendo em comum os mesmos suspeitos de promover a imigração ilegal de brasileiros para os Estados Unidos, demonstrando a amplitude da atuação dos envolvidos.

De acordo com boletim da PF, os investigados descobriram que as pessoas envolvidas se dedicam intensamente à prática dos crimes de promoção de imigração ilegal, associação criminosa e envio ilegal de criança ou adolescente para o exterior, cobrando até 22 mil dólares por interessado.

Segundo a apuração do esquema, feita por agentes policiais que atuam no México, cada adulto que ingressava ilegalmente nos EUA ia acompanhado de uma criança ou adolescente. O objetivo dessa ação era evitar uma deportação imediata, dando mais tempo para permanecerem no país.

Os imigrantes correm sérios riscos nesse tipo de travessia ilegal. Enfrentam condições desumanas, são forçados a corromper autoridades da imigração mexicana e ficam submetidos aos guias, conhecidos popularmente como "coiotes" – criminosos, majoritariamente armados, responsáveis pela definição das rotas arriscadas de travessia de fronteira.

A Polícia Federal representou por 11 mandados de prisão temporária e 21 mandados de busca e apreensão, expedidos pela Justiça Federal de Governador Valadares e cumpridos nas cidades mineiras de Governador Valadares (uma prisão temporária e uma busca e apreensão), Tarumirim (quatro prisões temporárias e 10 buscas e apreensões), Alvarenga (duas prisões temporárias e três buscas e apreensões), Campanário (uma prisão temporária e uma busca e apreensão), Engenheiro Caldas (uma prisão temporária e quatro buscas e apreensões), Piedade de Caratinga (uma prisão temporária e uma busca e apreensão) e Virginópolis (uma prisão temporária e uma busca e apreensão).

Aumento da apreensão na fronteira 

Segundo a U.S. Customs and Border Protection (CBP), no ano fiscal de 2020, durante o mês de setembro, um total de 54.771 pessoas foram apreendidas entre os portos de entrada na Fronteira Sudoeste, em comparação com 47.283 em agosto e 38.536 em julho.

No ano fiscal de 2019, um total de 851.508 indivíduos foram apreendidos entre os portos de entrada na fronteira sudoeste.