Goiano morre após cair do muro na fronteira entre México e o Texas

Por Arlaine Castro

Diogo Fernandes de Oliveira, de 36 anos, bateu a cabeça ao cair do muro.

Mais um brasileiro morre tentando atravessar ilegalmente a fronteira dos Estados Unidos pelo México. Desta vez a vítima foi o goiano Diogo Fernandes de Oliveira, de 36 anos, que morreu ao cair de uma parte do muro com o Texas. As informações foram repassadas por um familiar ao portal G1.

Na queda, ocorrida no último dia 7 de dezembro, ele bateu a cabeça e quebrou a bacia, de acordo com as informações do parente que preferiu não se identificar.

Na segunda-feira (14), a família enviou uma procuração para conhecidos que moram nos Estados Unidos a fim de contratar uma empresa para fazer o traslado do corpo do México para São Luís de Montes Belos, cidade da região central de Goiás em que os pais de Diogo moram.

A última ligação de Diogo Fernandes foi para o pai, de 60 anos. Eles se falaram no último dia 7, por volta de 21h. O parente contou que a ligação ocorreu horas antes da travessia entre os dois países.
"Pai, vou fazer a travessia agora a noite, depois nos falamos. Beijos", e assim Diogo se despediu da família naquela noite.

O próximo contato que a família recebeu foi do consulado brasileiro no México, na manhã de sábado (12), com a notícia da morte. O parente de Diogo entrevistado pelo G1 conta que, após ser informado do que aconteceu com o administrador de empresas, ele viajou de Goiânia, onde mora, para São Luís de Montes Belos, com o objetivo de informar os pais da vítima sobre o acidente.

"Ele sempre teve o sonho de ir para os Estados Unidos. Estava cheio de planos para ele e a noiva. O objetivo dele era dar melhores condições de vida para a família, principalmente para os pais", relatou o parente.

Como a grande maioria dos brasileiros que se arriscam pela fronteira, o sonho do goiano era morar e se estabilizar financeiramente nos Estados Unidos. O familiar contou que Diogo planejou a viagem quando ficou desempregado este ano. Ele trabalhava como gerente de uma loja em um shopping de Goiânia, que acabou fechando por causa da pandemia de coronavírus. Desempregado e com o sonho da mudança de vida, ele contratou uma pessoa para lhe ajudar na travessia - função conhecia como coiote - e comprou a passagem para Cancún, no México. A família diz não ter informações sobre quem era o coiote.

O parente ouvido pela reportagem diz que conversou Diogo sobre a travessia, alertou sobre os riscos e o aconselhou que esperasse mais tempo para tentar obter um visto. Mas, segundo ele, o administrador de empresas estava decidido a ir após ler relatos positivos de pessoas que fizeram a mesma travessia que ele tentou.

Nos Estados Unidos, amigos esperavam ansiosamente a chegada do goiano. O familiar explicou que algumas pessoas que moram legalmente no país ofereceram ajuda com moradia e emprego.

"Ele não estaria sozinho nos Estados Unidos. Conhecidos nossos o ajudariam a arrumar trabalho e casa para morar. Depois, ele seguiria a vida por conta própria", relatou o parente.

O Itamaraty informou, em nota, que não pode dar detalhes sobre casos específicos, mas que oferece assistência a familiares, no sentido de apoiá-los em suas decisões relativas, por exemplo, ao traslado dos restos mortais.

Apreensão na fronteira sul 

As estatísticas de fiscalização das fronteiras do ano fiscal de 2020 mostram que a imigração irregular para os Estados Unidos pela fronteira sul vem se recuperando gradualmente desde o colapso para níveis históricos em abril, quando a pandemia do coronavírus atingiu o país.

O número de imigrantes que as autoridades norte-americanas encontraram na fronteira com o México subiu para cerca de 57.000 em setembro. Em agosto, a agência registrou 48.594 detenções de imigrantes.