EUA enviam vacinas ao México em troca de maior controle imigratório

Por Arlaine Castro

Agentes do Border Patrol com imigrantes da Guatemala em El Paso, Texas.

A Casa Branca confirmou o envio de 2,5 milhões de doses das vacinas da AstraZeneca para o México e 1,5 milhões para o Canadá, na qualidade de “empréstimo”. Ao México, a condição seria de um aumento do rigor na fronteira para maior controle imigratório aos EUA.

A vacina da AstraZeneca está suspensa em vários países europeus, por causa de riscos associados – não foi autorizada ainda para uso nos Estados Unidos, apesar de ter a aprovação da Organização Mundial de Saúde (OMS).

Depois de muitas críticas de líderes mundiais por manter dezenas de milhões de doses da vacina armazenada para uso quando fosse dada autorização, os EUA decidiram pelo envio.

A Casa Branca disse que a prioridade de Joe Biden é a vacinação de toda a população dos EUA, mas explicou que autorizou o “empréstimo” por reconhecer que o “vírus não conhece fronteiras”.

Os Estados Unidos lideram o ranking de vacinação contra a covid e Biden prometeu que, progressivamente, todos os adultos no país poderão receber uma dose da vacina até 1º de maio.

Acordo com o México?

De acordo com reportagem do jornal The Washington Post, citando funcionários do alto escalão dos dois países, autoridades mexicanas e norte-americanas que falaram sobre o acordo ao jornal disseram que não se trata de um "quid pro quo" condicionando a entrega dos imunizantes a uma repressão na fronteira.

Mas os Estados Unidos, segundo eles, deixaram claro que buscaram a ajuda mexicana para administrar o fluxo de adolescentes e crianças. Na terça-feira, Biden pediu aos imigrantes que não tentem entrar nos Estados Unidos. Em fevereiro, cerca de 100 mil pessoas foram detidas na fronteira sul — entre elas 9.457 menores não acompanhados -, um aumento de 28% em relação a janeiro, segundo as autoridades.

De acordo com a reportagem, o México se comprometeu a receber de volta mais famílias expulsas sob uma ordem de emergência de saúde dos EUA enquanto pediu a Biden para compartilhar vacinas contra a covid-19.

"Não é um quid pro quo, é uma negociação paralela", disse um diplomata mexicano. "Se não houver uma campanha de vacinação em massa no México, será mais difícil abrir a fronteira para atividades não essenciais. Portanto, a vacinação no México é um benefício para os EUA ". Da mesma forma, acrescentou ele, "se a migração estiver sob controle, isso diminui a imagem de crise e facilita a aprovação de reformas de imigração que são fundamentais para os dois países".

Um esforço de fiscalização da imigração mexicana mais visível deve ser anunciado em breve, de acordo com as autoridades.

Nesta sexta-feira, 19, o presidente do México, Andrés Manuel López Obrador, agradeceu Biden pela decisão de enviar milhões de doses de vacinas. "Agradeço especialmente ao presidente Biden porque falei deste assunto há cerca de dois meses quando tivemos uma conversa telefónica e pedi a ele que nos ajudasse com doses de vacinas", disse Obrador.  Com informações da AFP e The Washigton Post.