Com o fim da restrição a estudantes, brasileiros voltam aos EUA para aulas

Estudantes que irão começar aulas a partir de 1º de agosto já podem entrar nos Estados Unidos diretamente.

Por Arlaine Castro

Vítor Gonçalves embarca dia 9 de agosto de Minas Gerais para o Texas.

Brasileiros com visto de estudante válido (categorias F e M) que irão começar a estudar a partir de 1º de agosto já podem entrar nos Estados Unidos diretamente, sem necessidade de fazer quarentena em outro país por causa das restrições de entrada a estrangeiros pela covid-19.

Entretanto, não podem chegar 30 dias antes de começarem as aulas, diz a regra do Departamento de Estado.

Os Consulados no Brasil retomaram os agendamentos e entrevistas de visto para os estudantes em meados de maio de 2021.

Foi quando o mineiro Vítor Gonçalves conseguiu finalmente marcar sua entrevista para tirar o visto. Natural de Belo Horizonte (MG), ele foi até Porto Alegre (RS), o único local com vagas disponíveis quando as entrevistas foram retomadas, segundo ele.

Doutorando em Justiça Criminal na Texas State University, na cidade de San Marcos, Texas, ele está há um ano tendo aulas remotas enquanto aguardava pela liberação da entrada.

"Foi bastante difícil conseguir o agendamento de entrevista. O meu curso começou em agosto de 2020. Então estou há 1 ano fazendo as matérias de forma remota dependendo do visto e da abertura da fronteira para viajar. Depois que as entrevistas foram retomadas, tudo fluiu bem rápido e não tive problemas", contou ao Gazeta News.

Até meados do primeiro semestre deste ano, ele estava sem perspectivas de agendar entrevista para visto e de que as fronteiras fossem reabertas antes do semestre do outono. "Felizmente, consegui realizar minha entrevista e agora posso entrar nos Estados Unidos a partir de agosto", declara satisfeito.

Com as aulas recomeçando no final de agosto, ele já está com as passagens marcadas para o dia 9 daquele mês e é pura expectativa para as aulas presenciais.

"Para mim foi muito prejudicial. O meu doutorado tem duração de 4 anos, então ainda tenho 3 anos no programa. Contudo, estar longe da universidade dificulta oportunidades de estágio com pesquisa e docência; impossibilita acesso presencial à biblioteca da universidade; reduz o contato com professores e colegas; bem como atrapalha o processo de aprendizado e de fluência na língua inglesa. Minha expectativa é ter uma experiência integral de imersão cultural e de desenvolvimento pessoal, profissional e acadêmico", destaca.

Teste negativo de covid-19

Mesmo com a entrada direta liberada, todos os viajantes internacionais, inclusive os estudantes, são obrigados a fazer um teste viral até três dias antes do embarque aos EUA e fornecer documentação por escrito do resultado de teste (papel ou cópia eletrônica) à companhia aérea.

Vistos ainda limitados

Segundo a Embaixada dos Estados Unidos no Brasil, a pandemia continua a limitar o número de vistos e as exceções de interesse nacional, como o caso dos estudantes, que o país é capaz de processar. Portanto, os solicitantes de visto devem consultar os sites da embaixada ou consulado mais próximo para obter as informações mais atualizadas sobre a disponibilidade.

Ao declarar a exceção para os estudantes, o embaixador dos EUA no Brasil, Todd Chapman, ressaltou a importância da parceria entre os dois países no campo estudantil. “Os Estados Unidos estão extremamente orgulhosos de ser o destino preferido de tantos estudantes e acadêmicos brasileiros e de ter tantas parcerias de longo prazo entre universidades e organizações de mídia. Estou excepcionalmente satisfeito que as condições permitam agora que viagens e estudos sejam retomados, e estamos ansiosos para aumentar a expansão destes vínculos”, ressaltou.

Diminuição de estudantes estrangeiros

Uma pesquisa divulgada recentemente pelo Council of Graduate Schools (CGS), conselho de escolas de pós-graduação dos Estados Unidos, mostrou que o número de estudantes matriculados em cursos de pós no país despencou entre 2019 e 2020. Em programas de mestrado, o número de matrículas chegou a cair 43% no período.

No doutorado (ou PhD), também houve queda expressiva: foram 26% a menos de matrículas em 2020 na comparação com 2019. Esses dados demonstram que os cursos de pós seguiram a mesma tendênica das graduações nos EUA. O número de estrangeiros que começou o ensino superior no país em 2020 também foi 43% menor que em 2019, de acordo com a Times Higher Education (THE).

Nos mestrados e cursos do tipo certificate, foram 21.742 matrículas de estrangeiros nos EUA em 2020, contra 40.034 em 2019. Entre estudantes de PhD, a queda foi de 13.802 no segundo semestre de 2019 para 9.626 no mesmo período de 2020. Os países que tiveram maior queda no número de estudantes que enviaram aos EUA foram Índia (menos 66%) e China (menos 37%).