Agentes usam aplicativo para monitorar imigrantes

 As autoridades dos EUA expandiram amplamente o uso de um aplicativo de smartphone durante a pandemia de coronavírus para garantir que os imigrantes libertados da detenção participem de audiências de deportação, um requisito que os defensores dizem violar sua privacidade e os faz sentir que não são livres.

Mais de 125.000 pessoas – muitas delas paradas na fronteira EUA-México – agora são obrigadas a instalar o aplicativo conhecido como SmartLink em seus telefones. Há menos de três anos eram somente 5.000 que usavam. Ele permite que os funcionários os verifiquem facilmente, exigindo que os imigrantes enviem uma selfie ou façam ou recebam um telefonema quando solicitados.

Embora a tecnologia seja menos complicada do que uma tornozeleira eletrônica, os defensores dizem que “amarrar” imigrantes ao aplicativo é injusto, considerando que muitos pagaram fiança para sair das instalações de detenção dos EUA enquanto seus casos se agitam nos tribunais de imigração do país. Os processos de imigração são administrativos, não criminais, e a esmagadora maioria das pessoas com processos perante os tribunais não são detidas.

Defensores disseram estar preocupados com a forma como o governo dos EUA pode usar dados coletados do aplicativo sobre o paradeiro e contatos de imigrantes para reunir e prender outros por violações de imigração.

“É meio chocante como em alguns anos explodiu tão rapidamente e agora está sendo usado tanto e em todos os lugares”, disse Jacinta Gonzalez, diretora sênior de campanha da organização de direitos latinos Mijente. “Está tornando muito mais fácil para o governo rastrear um número maior de pessoas.”

O uso do aplicativo pela Imigração e Alfândega disparou durante a pandemia, quando muitos serviços do governo ficaram online. Continuou a crescer quando o presidente Joe Biden pediu ao Departamento de Justiça que reduzisse o uso de prisões privadas. Seu governo também expressou apoio às chamadas alternativas à detenção para garantir que os imigrantes compareçam a compromissos obrigatórios, como audiências em tribunais de imigração.

Enquanto isso, o número de casos no sistema judicial de imigração dos EUA, há muito atrasado, subiu para 1,6 milhão. Os imigrantes geralmente precisam esperar anos para obter uma audiência perante um juiz que determinará se eles podem permanecer no país legalmente ou se devem ser deportados.

O aplicativo SmartLink vem da BI Inc, uma subsidiária de Boulder, Colorado, da empresa privada de prisões The GEO Group, que administra instalações de detenção de imigrantes para o ICE.