Brasileiros são indiciados por conexão com falsos casamentos para ‘green card’ na CA

Por Arlaine Castro

A agência preparava e apresentava petições, solicitações e outros documentos falsos ao USCIS por uma taxa entre US$ 20.000 e US$ 30.000 em dinheiro.

Onze indivíduos, incluindo dois brasileiros, foram indiciados em conexão com uma “agência” de falsos casamentos em grande escala com sede em Los Angeles, Califórnia, para obtenção do green card (residência permanente). 

De acordo com a acusação, centenas de casamentos foram simulados entre “clientes” estrangeiros e cidadãos dos Estados Unidos com o objetivo principal de contornar as leis de imigração. Peterson Souza, 34 anos, brasileiro residente em Anaheim, Califórnia; e Karina Santos, 24, de Lancaster, Califórnia; faziam parte do esquema.

A agência preparava e apresentava petições, solicitações e outros documentos falsos para comprovar os falsos casamentos e garantir o ajuste dos status de imigração dos clientes por uma taxa entre US$ 20.000 e US$ 30.000 em dinheiro.

Segundo a acusação, Marcialito Biol Benitez, também conhecido como “Mars”, 48, cidadão filipino residente em Los Angeles, era o responsável maior pela “agência”. Ele e sua equipe treinavam os clientes e os falsos cônjuges para as entrevistas com os Serviços de Cidadania e Imigração dos EUA (USCIS, na sigla em inglês), aconselhando-os a manter a aparência de casamento legítimo. Foram enviados documentos de imigração fraudulentos de pelo menos 400 clientes entre outubro de 2016 e março de 2022.

Os acusados ainda ajudavam certos clientes – normalmente aqueles cujos cônjuges paravam de cooperar durante o processo – na obtenção de green cards sob a Lei de Violência Contra as Mulheres, alegando que os clientes indocumentados foram abusados pelos supostos cônjuges americanos.

Alguns dos réus, incluindo Souza agiam como “corretores”, e recrutavam cidadãos dos EUA dispostos a se casar com clientes em troca de uma taxa e pagamentos mensais dos cônjuges do cliente após o casamento, a fim de manter o cidadão americano “responsivo e cooperativo” até que o cliente obtivesse o status de residente permanente legal, disseram as autoridades.

Souza e Capindo David encaminharam potenciais clientes estrangeiros para a agência por uma comissão, cerca de US$ 2.000 por indicação.

A acusação de conspiração para cometer fraude no casamento prevê uma sentença de até cinco anos de prisão, três anos de liberdade condicional e uma multa de US$ 250.000. As sentenças são impostas por um juiz do tribunal distrital federal com base nas Diretrizes de Sentença dos EUA e nos estatutos que regem a determinação de uma sentença em um caso criminal.

Foram indiciados por conspiração para cometer fraude de casamento e fraude de documentos de imigração:

Marcialito Biol Benitez, também conhecido como “Mars”, 48, cidadão filipino residente em Los Angeles;
Engilbert Ulan, também conhecido como “Angel”, 39, cidadão filipino residente em Los Angeles;
Nino Reyes Valmeo, 45, cidadão filipino residente em Los Angeles;
Harold Poquita, 30, cidadão filipino residente em Los Angeles;
Juanita Pacson, 45, cidadã filipina residente em Los Angeles;
Felipe Capindo David, também conhecido como “Pilipi” ou “Peebles”, 49, cidadão filipino residente em Los Angeles;
Peterson Souza, 34 anos, brasileiro residente em Anaheim, Califórnia;
Devon Hammer, 26, de Palmdale, Califórnia;
Tamia Duckett, 25, de Lancaster, Inglewood e Palmdale, Califórnia;
Karina Santos, 24, de Lancaster, Califórnia; e
Casey Loya, 33, de Lancaster e Palmdale, Califórnia.

Oito dos réus foram presos na quinta-feira, 7, na Califórnia. Eles comparecem ao tribunal federal no Distrito Central da Califórnia e comparecerão em Boston em uma data posterior, informou o Departamento de Justiça.