Autoridades de saúde da FL pedem custo com imigrantes indocumentados em hospitais

Por Arlaine Castro

Hospitais sentem o reflexo do aumento de infectados e internações principalmente na região sul da Flórida.

Autoridades estaduais de saúde pediram aos hospitais da Flórida que calculem o custo dos cuidados não reembolsados com imigrantes indocumentados.

A secretária de administração da Agência de Saúde do Estado, Simone Martiller, escreveu uma carta ao chefe da Associação de Hospitais da Flórida na semana passada onde pede um levantamento do valor que os hospitais estaduais gastam com cuidados médicos de imigrantes indocumentados, relatando “todos os custos e despesas, incluindo aqueles que são baixados como dívidas não cobradas”.

“Como os estrangeiros ilegais continuam a cruzar a fronteira sul sem controle em números recordes, os trabalhadores da Flórida pagam o preço, pagando a conta de seus cuidados médicos”, escreveu Martiller.

Para alguns críticos ao governo, o pedido é uma jogada política sobre a recente decisão do governo Biden de encerrar no dia 23 de maio o Título 42 - uma medida iniciada por Trump que citou a COVID-19 como justificativa para negar pedidos de asilo na fronteira dos EUA com o México sem uma entrevista de triagem de um oficial de asilo.

Por enquanto, um juiz federal na Louisiana bloqueou temporariamente a decisão do governo como parte de uma ação movida pelos estados de Missouri, Louisiana e Arizona.

Como a mudança na política de imigração estava programada para entrar em vigor em 23 de maio – é o mesmo dia em que os hospitais da Flórida foram solicitados a mostrar quanto dinheiro os floridianos pagam para fornecer assistência médica a residentes indocumentados em hospitais estaduais.

Para o deputado estadual Nick Duran, D-Miami, que atuou no conselho de administração do Jackson Health System até o ano passado, os hospitais provavelmente serão capazes de atender ao pedido, mas os dados não serão úteis sem saber quais eram os números de saúde nos anos anteriores.

“Nossos hospitais atendem indivíduos indocumentados há anos. Esta não é uma nova tendência. E parece que [DeSantis] vai tentar armar os dados para mostrar que [imigrantes indocumentados] estão entrando em nosso sistema de saúde”, escreveu Duran ao Miami Herald.

Em 2009, a Associação de Hospitais da Flórida havia feito seu próprio estudo sobre esse assunto, que mostrou que o atendimento a imigrantes indocumentados custou pelo menos US$ 40 milhões em contas médicas não pagas.

Os hospitais da Flórida forneceram quase US$ 1,8 bilhão em assistência beneficente total em 2019. Esse número representa a quantidade de assistência prestada a pacientes mais pobres pelos quais os hospitais não foram compensados. Esses cuidados são frequentemente prestados em casos em que o paciente não está segurado.

A Flórida teve uma das três maiores taxas de não segurados do país, de acordo com dados de 2020 da Florida Hospital Association. Isso se deve em parte à recusa do Legislativo em expandir o Medicaid sob o Affordable Care Act.

A solicitação aos hospitais faz parte de um esforço mais amplo do governo DeSantis para explicar as maneiras pelas quais o Estado está pagando para apoiar os imigrantes que estão no país ilegalmente.

Em setembro, DeSantis assinou uma ordem executiva orientando as agências estatais a, entre outras coisas, emitir um relatório mensal sobre o número de “estrangeiros ilegais” que foram acusados criminalmente e contabilizar os dólares dos contribuintes gastos cuidando de imigrantes que entraram ilegalmente no país. Com informações do The Palm Beach Post e Miami Herald.