Número de brasileiros deportados dos EUA em 2022 bate recorde

Por Arlaine Castro

Os EUA alegam medida por segurança, mas para os próprios brasileiros, seus familiares e autoridades, é humilhante e desnecessário para quem não tem condenação criminal.

O número de brasileiros deportados dos Estados Unidos nos primeiros seis meses de 2022 já é maior do que o registrado em 2021 inteiro - 2.221 pessoas só nos seis primeiros meses do ano.

O número já supera o do ano passado inteiro, quando 2.122 brasileiros foram expulsos dos Estados Unidos por tentarem entrar ou que já estavam no país ilegalmente, segundo dados da agência de remoção do Departamento de Imigração e Alfândega.

Durante a pandemia, as deportações de indocumentados, não só de brasileiros, diminuíram bastante. No geral, no ano fiscal de 2021 (outubro de 2020 a setembro de 2021), o ICE prendeu 74.082 não cidadãos e deportou 59.011. No ano fiscal de 2020, foram 185.884 remoções e no ano fiscal de 2019, a agência deportou 267.258 imigrantes indocumentados.

O número vem aumentando desde uma mudança na lei brasileira em 2019. Até então, era proibida a emissão de passaportes se o cidadão não pedisse, o que impedia a deportação de brasileiros que se recusassem a solicitar o documento.

Há três anos, o governo de Jair Bolsonaro atendeu a um pedido do então governo de Donald Trump e assinou uma portaria com novas regras. Passaram a ser autorizadas as deportações à força de brasileiros que viviam nos Estados Unidos ilegalmente. No lugar do passaporte, passou a ser necessário apenas um atestado de nacionalidade.

Desde a mudança, 68 voos com deportados já chegaram ao Brasil. Para Sueli Siqueira, pesquisadora especialista em imigração, a crise econômica brasileira levou cada vez mais brasileiros a tentarem entrar ilegalmente nos Estados Unidos.

“As pessoas que migram, essa é uma característica da imigração contemporânea do Brasil, não são miseráveis, não estão aqui passando fome. São pessoas que estão em busca de uma qualidade de vida. É uma desesperança de que aqui é possível, de que a vida vai ser melhor aqui, que eu posso conquistar condições melhores. Não é mais o projeto de juntar dinheiro e voltar. O projeto, agora, é de viver lá”, explicou Sueli Siqueira ao G1.