Família brasileira é impedida de entrar nos EUA por conversa em grupo do WhatsApp

Por Arlaine Castro

O ESTA foi criado em 2008 como um sistema automatizado para estabelecer a elegibilidade dos visitantes para viajar para os EUA usando o Programa de Isenção de Vistos (VWP).

Uma família brasileira teve sua entrada nos Estados Unidos impedida e seus vistos de turismo cancelados por causa de conversas em grupo do WhatsApp.

“Eles passaram 14 horas dentro do aeroporto, com uma série de restrições, muitas pessoas fazendo perguntas e uma pressão enorme. Receberam alguns papéis e foram obrigados a voltar ao Brasil, sem ao menos entender o que estava acontecendo”, relata Daniel Toledo, advogado que atua na área de Direito Internacional e sócio do LeeToledo PLLC.

Segundo Toledo, a família chegou em Boston, Massachusetts, dia 17 de abril. Saindo da aeronave, passaram pelo primeiro agente de imigração e não houve problema. Mas a situação foi diferente no segundo ponto de parada. “Os brasileiros declararam que ficariam no país por 22 dias e tinham, inclusive, reservado hotel e um carro para esse período. No entanto, a real intenção da família era viver nos Estados Unidos após esse período inicial, não retornando ao Brasil na data planejada”, declara Toledo.

A informação sobre os motivos da negativa na entrada pôde ser encontrada no Freedom of Information Act (FOIA) dos brasileiros. No documento, era relatado que a família mantinha um grupo de WhatsApp, em que diversos brasileiros que vivem em Boston relatam informações relacionadas a como viver de maneira ilegal nos Estados Unidos. As dicas iam desde compras no supermercado até a matrícula de crianças em escolas públicas. Tudo isso documentado, com provas e prints do grupo em questão.

A família, que possuía visto de turismo há anos e já havia visitado os Estados Unidos em outras ocasiões, não só foi deportada e teve seus vistos cancelados, como estão impedidos de realizar uma nova solicitação pelos próximos cinco anos.

Para o especialista em Direito Internacional, tentar se manter ilegalmente nos Estados Unidos não é válido frente aos potenciais riscos que esses imigrantes podem enfrentar. “Os agentes sabem de praticamente tudo. Não adianta ter um visto de turismo, chegar no país norte-americano e acreditar que vai poder ultrapassar os 6 meses de estadia. Existem pessoas que conseguem, claro. Mas em geral, é uma vasta minoria. Grande parte dos imigrantes que tentam essa abordagem são deportados e nunca mais tem a possibilidade de entrar no país”, relata. Com informações do MSN.

Checagem redes sociais

No início de 2019, o Departamento de Estado começou a exigir que a maioria dos solicitantes de visto listassem suas contas de mídia social no momento da aplicação para o documento. 

O DHS propôs regras de mídia social após relatos de que o atirador de San Bernardino (2015), Tashfeen Malik, havia postado abertamente sobre a jihad online. Mas o FBI disse que esses relatórios não eram verdadeiros. Um relatório do Brennan Center for Justice de 2019 observou que os programas piloto do DHS envolvendo vigilância de mídia social foram “notavelmente malsucedidos” em encontrar ameaças à segurança nacional.

Um porta-voz do CBP enfatizou ao The Verge que as buscas por dispositivos afetam “menos de um centésimo de um por cento dos viajantes que chegam aos Estados Unidos”.

Aumento da imigração ilegal

Além de imigrantes que possuem o visto de turismo, mas permanecem nos EUA ilegalmente após o prazo dado pela imigração, mais brasileiros sem visto se arriscam ilegalmente pela fronteira entre o México-EUA.

Grupos maiores de imigrantes brasileiros estão arriscando a entrada ilegal nos Estados Unidos de uma só vez. E eles não estão correndo pelo deserto, mas atravessando redes de esgoto e de escoamento de água entre o México e os EUA, segundo a Patrulha de Fronteira.

Como parte de um esforço para impedir a imigração ilegal de brasileiros, o Itamaraty vem fazendo alertas e distribuindo cartilha sobre "Riscos da Imigração Irregular para os Estados Unidos e México" a suas repartições consulares.

O documento alerta eventuais imigrantes acerca dos perigos associados ao envolvimento com redes criminosas de tráfico de pessoas, chama atenção para casos concretos de desaparecimentos e falecimentos na fronteira, e informa sobre números de contato para situações de emergência.