ICE volta a deportar indocumentados durante check-ins de rotina, diz jornal

Por Arlaine Castro

Em julho, um tribunal federal de apelações do Texas derrubou as orientações do Departamento de Imigração e Alfândega que priorizava deportações com base em antecedentes criminais ou preocupações com a segurança nacional.

Quando Eduardo Sanchez, 39 anos, apareceu em uma manhã recente para um check-in com funcionários da imigração em um posto da U.S. Immigration and Customs Enforcement (ICE)no centro de San Diego, Califórnia, ele pensou que seria como todos os outros que teve desde 2017, quando os funcionários cadastraram ele e seus cunhados por serem indocumentados, mas os liberaram enquanto o caso está pendente.

Ele pensou que eles iriam perguntar se seu endereço ou número de telefone havia mudado e se certificariam de que ele ainda estava cumprindo com seus requisitos. Eles verificariam o status de seu caso de imigração, então ele voltaria para sua casa em Linda Vista para ficar com sua esposa e dois filhos.

Mas na segunda-feira, 11 de julho, Sanchez apareceu para o check-in e em questão de horas foi deportado para Tijuana, segundo o jornal San Diego Union-Tribune.

A deportação aconteceu cerca de cinco dias depois que um tribunal federal de apelações do Texas derrubou as orientações do Departamento de Imigração e Alfândega que priorizava deportações com base em antecedentes criminais significativos ou preocupações com a segurança nacional.

“Eu não sabia o que fazer”, disse Sanchez, em espanhol. Ele não tem antecedentes criminais e tinha uma moção pendente para reabrir seu caso com base em coisas que aconteceram depois que seu caso inicial foi decidido. Por causa dessa moção pendente, seu advogado ficou chocado com o fato de o ICE ter escolhido deportá-lo.

De acordo com os advogados de imigração, deportar alguém como Sanchez é uma clara ruptura com a política anterior, de somente deportar indocumentados com histórico criminal.

Outros dois homens em situações semelhantes à de Sanches foram deportados com ele, e advogados de imigração em todo o país, inclusive em estados não fronteiriços como Oklahoma, começaram a ver mais imigrantes removidos inesperadamente dos Estados Unidos.

A mudança pode afetar centenas de milhares de pessoas que receberam ordens de remoção por um juiz de imigração – as ordens que dão permissão ao ICE para deportá-las – mas que ainda estão buscando outras soluções para permanecer permanentemente nos Estados Unidos.

Sob o governo Trump, as pessoas que tinham ordens de remoção costumavam ter medo de ir ao próximo check-in no ICE e muitas se refugiaram em igrejas e outros locais considerados "santuários", onde agentes do ICE eram impedidos de realizar prisões.

Em setembro de 2021, o secretário do Departamento de Segurança Interna, Alejandro Mayorkas, emitiu orientações ao ICE sobre quem seus oficiais deveriam priorizar para deportação – pessoas que os oficiais consideravam ameaças à segurança nacional ou à segurança pública, bem como aqueles que recentemente entraram no país sem permissão.

Mas os estados de Louisiana e Texas processaram, e um juiz federal bloqueou o memorando de Mayorkas. Essa decisão foi confirmada no início de julho pelo 5º Circuito de Apelações.

O governo Biden recorreu da decisão ao Supremo Tribunal, que deixou a decisão do tribunal de primeira instância em vigor por enquanto, mas concordou em ouvir os argumentos no caso ainda este ano. Enquanto isso, o caso deixou os oficiais do ICE com pouca orientação quando se trata de quem deportar. Fonte: Los Angeles Times.