"Erro" do censo 2020 coloca brasileiros entre os hispânicos nos EUA

Atualmente, as principais concentrações de brasileiros nos EUA são na Flórida, Massachusetts, Nova York, Califórnia, Nova Jersey, Connecticut e Geórgia.

Por Arlaine Castro

Oficialmente, os brasileiros não são considerados hispânicos ou latinos porque a definição do termo do governo federal aplica-se apenas aos de "cultura ou origem espanhola".

Um erro de codificação no Censo dos EUA de 2020 revelou que mais brasileiros se consideram latinos do que se pensava, de acordo com um novo relatório do Pew Research Center.

Essa discrepância destaca problemas de longa data sobre como a população latina dos EUA é medida pelo censo. Atualmente, as principais concentrações de brasileiros nos EUA são na Flórida, Massachusetts, Nova York, Califórnia, Nova Jersey, Connecticut e Geórgia.

Em 2020, pelo menos 416.000 brasileiros se descreveram como hispânicos ou latinos no American Community Survey (ACS) anual do Census Bureau e foram contabilizados dessa forma, representando mais de dois terços dos brasileiros nos EUA.

Em 2019, por outro lado, apenas 14.000 brasileiros foram contados como hispânicos e 16.000 em 2021. O grande número contado como hispânico em 2020 foi devido a um erro no processamento dos dados do ACS pelo departamento.

Oficialmente, os brasileiros não são considerados hispânicos ou latinos porque a definição do termo do governo federal – revisada pela última vez em 1997 – aplica-se apenas aos de “cultura ou origem espanhola”, como mexicanos, porto-riquenhos, cubanos, sul ou centro-americanos ou outras origens, independentemente da raça.

Na prática, isso significa que, na maioria dos casos, as pessoas que relatam sua etnia hispânica ou latina como brasileiras nas pesquisas do censo são posteriormente recategorizadas – ou “codificadas” – como não hispânicas ou latinas. O mesmo vale para pessoas de outros grupos, como os originários de Belize, Filipinas e Portugal.

Durante o processo de edição de dados para o ACS 2020, o Census Bureau inadvertidamente deixou os brasileiros e alguns outros grupos fora de seus procedimentos de retrocodificação. Esse erro resultou em grandes aumentos no número de pessoas contadas como hispânicas ou latinas nesses grupos.

Em particular, o grande número de brasileiros que se identificam como hispânicos ou latinos destaca como sua visão de sua própria identidade não necessariamente se alinha com as definições oficiais do governo.

Também ressalta que ser hispânico ou latino significa coisas diferentes para pessoas diferentes. Alguns fazem distinções entre a definição de hispânico, que para alguns exclui os brasileiros, e a definição de latino, que para alguns inclui os brasileiros, mas exclui os espanhóis. Tudo isso torna a medição da identidade hispânica ou latina em pesquisas uma tarefa complexa e delicada.

Em 2020, o Brasil seria o 14º maior grupo de origem latina com 416.000 que se identificaram como latinos, à frente da Nicarágua (395.000) e abaixo da Venezuela (619.000).

No total, a população hispânica ou latina dos EUA nesses quatro grupos “não hispânicos” (brasileiros, belizenhos, filipinos e caribenhos não hispânicos) em 2020 excedeu a de 2021 em cerca de 471.000 pessoas. No entanto, representam menos de 1% do total de 61,1 milhões de hispânicos que vivem nos EUA, diz o Pew Research Center.

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