Quase 9 mil brasileiros foram deportados dos EUA desde 2019

Por Arlaine Castro

Voos de deportação foram intensificados pelo aumento na fronteira sul.

De outubro de 2019 até maio deste ano, 8.969 pessoas foram deportadas dos Estados Unidos para o Brasil. No total, 94 aviões pousaram no Aeroporto Internacional de Belo Horizonte, em Confins, levando homens, mulheres e famílias inteiras em situação irregular no país ou que foram presos ao tentar atravessar a fronteira pelo México. O levantamento foi feito pelo G1 Minas.

Segundo a BH Airport, concessionária que administra o terminal, o Aeroporto de Confins é o terminal para onde, desde 2019, vão todos os voos com brasileiros deportados dos EUA. A razão para isso é que grande parte das pessoas são de Minas Gerais.

Segundo a Polícia Federal, 90% dos deportados são homens com idades entre 20 e 40 anos.
Entre outubro de 2019 a maio de 2023, foram feitos voos:

2019 (outubro): 1 voo com 50 deportados

2020: 21 voos com 1.093 deportados

2021: 24 voos com 2.150 deportados

2022: 42 voos com 4516 deportados

2023 (até maio): 6 voos com 597 deportados

Na segunda-feira, 5, a Polícia Federal prendeu três pessoas suspeitas de promover um esquema de migração ilegal para os Estados Unidos. A estimativa é que 250 pessoas entraram ilegalmente no páis, entre elas 100 crianças e adolescentes.

Os imigrantes chegavam a pagar US$ 25 mil para entrarem no esquema. Mesmo com a promessa de facilitação da entrada nos Estados Unidos, muitos acabam voltando para casa.

Brasileiros já relataram maus-tratos por parte das autoridades norte-americanas. Muitos disseram que tiveram que viajar de volta algemados, em frente ao filhos.

Desde 2019, os voos de deportação foram intensificados "em razão do aumento das detenções de nacionais na fronteira Sul dos Estados Unidos", segundo o Itamaraty. Na época, o governo de Donald Trump endureceu a imigração nos Estados Unidos. Mesmo com a eleição de Joe Biden, em 2020, a situação não mudou.

Em nota, o Itamaraty disse que tem procurado "sensibilizar o público para os riscos envolvidos nas tentativas de ingresso irregular nos EUA".

O Ministério das Relações Exteriores disse que "o processo de deportação ocorre integralmente sob as leis e a jurisdição soberana dos Estados Unidos".

"O MRE segue acompanhando com atenção os desdobramentos que envolvem os voos de repatriação de cidadãos brasileiros. As repartições consulares brasileiras nos Estados Unidos prestam assistência consular aos brasileiros naquele país, independentemente de sua situação imigratória, e zelam para que lhes seja assegurado tratamento digno e respeitoso", completou o Itamaraty.