Brasileiros denunciam empresas de mudança por golpe

Empresas lideradas por brasileiros estariam recebendo pagamentos para efetuar mudanças internacionais e desaparecendo com os pertences das vítimas

Por Lara Barth

Termos de retenção enviados por Álvaro

Empresas de mudança nos EUA, lideradas por brasileiros, estão sendo acusadas de enganar clientes ao não entregar seus pertences após o pagamento de valores significativos para mudanças internacionais. As vítimas, que pagaram por serviços de transporte de seus bens entre os Estados Unidos e o Brasil alegam que enfrentam o desaparecimento dos itens e a falta de respostas dos responsáveis.

Entre as empresas denunciadas está a JSR Services & Moving, uma operação ligada a Rogério Fernandes, acusado de enganar seus clientes.

Marcia Gray, filha de uma das supostas vítimas, Maria Marciliano, afirma que sua mãe contratou os serviços da JSR e entregou cinco caixas nas mãos da empresa, que seriam levadas da Califórnia para Minas Gerais em um prazo de três a quatro meses, em 2023, mas as caixas nunca teriam deixado os EUA. O responsável teria retornado para o Brasil.

"Depois do desaparecimentos das caixas fui procurar na internet sobre ele e encontrei muitas vítimas, que entregam suas mudanças inteiras para ele. Uma viúva de mudança para o Brasil, que pagou mais de U$ 20 mil, uma mãe que perdeu a filha…", conta Marcia. Ela explica que muitas vítimas não se manifestam publicamente por receio graças a status migratório.

Em alguns casos, as vítimas explicam que tentam recorrer a advogados e até a um delegado federal, mas esbarraram em dificuldades legais, já que no Brasil, para uma ocorrência caracterizar estelionato, o crime precisa ser reportado em até seis meses.

Além disso, as vítimas lamentam a atuação de grupos de comunidades brasileiras nas redes sociais, onde muitos contratam esse tipo de serviço, por permitir a postagem de anúncios de empresas de mudança, mas impedir que vítimas publiquem denúncias por medo de ações legais por difamação.

O Gazeta News entrou em contato com a JSR em busca de um pronunciamento, mas ainda não obteve resposta. A última postagem da empresa nas redes sociais foi em 2023.

Outra empresa que recebe acusações é a Gol Moving, que já tem mais de uma década de atuação no mercado, segundo seu representante Álvaro Froldi. Clebenice da Silva e Leda Pamplona são duas das vítimas que compartilharam recibos de 2023 e 2022 e alegam nunca terem recebi seus pertences.

Álvaro Froldi também foi contactado pela Gazeta, onde afirmou que seu negócio é uma empresa organizada e possui todas as suas transações devidamente documentadas. O empresário afirma que problemas como atrasos, extravio e roubo de caixas, além de embargos aduaneiros, principalmente quando os clientes enviam mercadoria indevida através de seus serviços, podem ocorrer.

"A pessoa pode estar insatisfeita, isso é lógico. Se uma entrega não chegou, ou ela está no porto, foi apreendida, ou foi extraviada. Ninguém fica com nada no nosso barracão. A pessoa pode falar que a caixa extraviou, a caixa sumiu, mas que caixa foi roubada? É uma acusação que não tem o menor sentido", explicou. "A receita federal está parada desde novembro, um monte de empresas tiveram prejuízo."

No entanto, Álvaro defende a integridade da sua empresa, ressalta que possui todos os recibos necessários e que aguarda os seus acusadores na justiça.