ICE mantém número recorde de 59 mil imigrantes detidos nos EUA, quase metade sem antecedentes criminais

Dados internos apontam que prisões se intensificaram com nova fase da política migratória de Trump; especialistas alertam para superlotação e violações de direitos.

Por Lara Barth

Governo de Donald Trump intensificou as ações de deportação de imigrantes ilegais

O Serviço de Imigração e Controle de Alfândega dos Estados Unidos (ICE) está detendo aproximadamente 59 mil imigrantes em centros de detenção por todo o país — um recorde histórico, segundo dados internos obtidos pela CBS News. A cifra representa um aumento de cerca de 50% em relação ao fim do governo Biden, quando o número era de 39 mil.

Quase metade (47%) dos detidos atualmente não possui antecedentes criminais, e menos de 30% foram condenados por algum crime. O crescimento se deve principalmente às prisões realizadas no interior do país, e não na fronteira, onde os cruzamentos ilegais diminuíram.

A atual administração Trump ampliou significativamente o escopo das detenções, suspendendo restrições anteriores que priorizavam criminosos perigosos e ameaças à segurança nacional. Agora, qualquer imigrante em situação irregular pode ser detido. Entre as novas ações, estão operações em locais de trabalho, como frigoríficos e hipódromos, e a cooperação com outras agências federais.

Com 59 mil pessoas detidas, o ICE opera com mais de 140% da capacidade financiada pelo Congresso, que atualmente cobre 41.500 leitos. Ainda assim, o governo busca recursos adicionais e avalia o uso de bases militares como centros de detenção temporários. Estados como a Flórida se ofereceram para construir novas unidades, como a polêmica “Alligator Alcatraz” nos Everglades.

Especialistas alertam que a expansão rápida pode comprometer os padrões mínimos de tratamento e o devido processo legal para os imigrantes. “A administração trata esses direitos como opcionais, quando são garantidos por lei”, afirmou Austin Kocher, professor da Universidade de Syracuse.

Fonte: CBS