Prisões do ICE disparam sob Trump e se concentram no Sul e nas regiões de fronteira dos EUA
Mais de 109 mil prisões foram feitas nos primeiros cinco meses do novo mandato; Texas lidera com quase um quarto do total
Durante os primeiros cinco meses do segundo mandato do presidente Donald Trump, o ICE (Serviço de Imigração e Controle de Alfândegas dos EUA) realizou mais de 109 mil prisões, concentradas principalmente em estados do Sul e em regiões fronteiriças com o México. A informação é de uma análise da CBS News com base em dados governamentais obtidos por meio de litígio.
Entre 20 de janeiro e 27 de junho de 2025, o Texas foi responsável por quase 25% de todas as prisões do ICE no país. Outros estados com números elevados incluem Flórida (11%), Califórnia (7%), Geórgia (4%) e Arizona (3%). Vermont, Alasca e Montana, por outro lado, registraram os menores índices, com cerca de 100 detenções no total.
Comparado ao mesmo período em 2024, quando o governo Biden realizou cerca de 49 mil prisões, houve um salto de 120% nas ações sob o governo Trump. Ao todo, pessoas de quase 180 países foram detidas, com destaque para cidadãos do México (cerca de 40 mil), Guatemala (15 mil), Honduras (12 mil), Venezuela (8 mil) e El Salvador (mais de 5 mil).
Especialistas em imigração atribuem a concentração de prisões no Sul e nas áreas de fronteira à geografia, à demografia e ao nível de cooperação entre as autoridades locais e o ICE. Em estados como Texas e Flórida, há maior integração entre os governos locais e agentes federais, facilitando as detenções em cadeias estaduais e municipais. Já em locais com políticas de "santuário", como a Califórnia, o ICE precisa usar mais recursos para fazer prisões em campo.
A analista Kathleen Bush-Joseph, do Migration Policy Institute, afirmou que os países de origem dos detidos refletem padrões migratórios amplos e proximidade geográfica com os EUA. Segundo o instituto, imigrantes da América Latina e do Caribe representavam 84% da população em situação irregular no país em 2023.
Sob o governo Trump, o ICE retomou políticas rígidas ao reverter limites adotados na era Biden, ampliando o escopo das prisões, inclusive para indivíduos sem antecedentes criminais. O diretor interino do ICE, Todd Lyons, confirmou que, embora haja foco em criminosos violentos, qualquer pessoa que esteja nos EUA em situação irregular está sujeita à prisão.
Até o momento, o ICE já contabiliza cerca de 150 mil deportações em 2025, o maior número desde o governo Obama. No entanto, ainda está longe da meta ambiciosa anunciada por autoridades de Trump: alcançar 1 milhão de deportações por ano.
Fonte: CBS