Professor da USP é preso pelo ICE após disparar arma de chumbinho próximo a Sinagoga
Carlos Portugal Gouvêa, acadêmico de renome e professor visitante em Harvard, teve o visto revogado após investigação sobre disparos feitos nas proximidades de uma sinagoga em Massachusetts, na véspera do Yom Kippur.
O advogado e professor Carlos Pagano Botana Portugal Gouvêa, ligado à Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo (USP), foi preso nesta semana nos Estados Unidos por agentes do Serviço de Imigração e Alfândega (ICE). A detenção ocorreu após a revogação de seu visto temporário e está relacionada a um episódio envolvendo uma arma de pressão disparada próximo a uma sinagoga em Massachusetts, em setembro.
Gouvêa, que atuava como professor visitante na Harvard Law School, é acusado de ter efetuado tiros com uma arma de chumbinho ao lado da Temple Beth Zion, na véspera de Yom Kippur. Segundo o Departamento de Segurança Interna dos EUA, a polícia foi chamada após relatos de uma pessoa armada na região. O professor afirmou que usava o dispositivo para caçar ratos e não sabia que estava próximo a uma sinagoga ou que se tratava de uma data religiosa importante.
Livre-docente e professor associado de direito comercial da USP, Gouvêa construiu carreira acadêmica internacional, com passagens por Yale, Wharton e Harvard. Também é sócio do escritório PGLaw, fundador do Instituto de Direito Global e integra entidades como a OAB, a New York State Bar Association e a Comissão Fulbright.
O caso ocorre em meio a tensões entre o governo Trump e Harvard, alvo de acusações de falhas no combate ao antissemitismo no campus. A universidade chegou a processar o governo federal por suspensão ilegal de mais de US$ 2 bilhões em subsídios de pesquisa.
Em outubro, Gouvêa firmou um acordo judicial no qual aceitou seis meses de liberdade condicional e o pagamento de US$ 386,59 em indenização. Acusações menores, como perturbação da paz e conduta desordeira, foram retiradas. Autoridades e líderes da sinagoga afirmaram que não houve motivação religiosa no ato e que o professor não tinha ciência da proximidade do templo no momento dos disparos.
Com o visto revogado, Gouvêa permanece sob custódia do ICE enquanto seu status migratório é avaliado.
Fonte: G1