Juiz federal nega pedido para fechar centro de detenção "Alligator Alcatraz" na Flórida

Magistrado afirma que detento não comprovou dano irreparável para justificar fechamento imediato da unidade

Por Lara Barth

Instalações de centro de detenção nos Everglades

Um juiz federal negou, nesta quinta-feira (18), um pedido de liminar para fechar um centro de detenção de imigrantes na região dos Everglades, na Flórida, apelidado de “Alligator Alcatraz”. Segundo o magistrado, o detento que solicitou a medida não conseguiu demonstrar que sofre dano irreparável enquanto permanece na unidade.

O juiz distrital Kyle Dudek, indicado pelo presidente Donald Trump, afirmou que o autor da ação, identificado nos autos como M.A., não atendeu ao alto padrão exigido para a concessão de uma liminar enquanto o mérito do processo ainda está em análise no tribunal federal de Fort Myers, na Flórida.

“Embora possam existir falhas no Alligator Alcatraz que, no futuro, justifiquem sua desativação, o autor não apresentou a demonstração extraordinária necessária para uma medida imediata dessa magnitude”, escreveu Dudek na decisão.

A ação de M.A. é uma das três ações federais que questionam práticas do centro de detenção, construído neste verão em uma pista de pouso remota nos Everglades pelo governo do republicano Ron DeSantis. O processo sustenta que imigração é uma atribuição federal e que órgãos estaduais da Flórida e empresas privadas contratadas pelo Estado não teriam autoridade legal para operar a unidade.

Segundo a ação, detentos “desaparecem” do sistema federal padrão de rastreamento e enfrentam dificuldades para acessar assistência jurídica. “A lei exige controle federal sobre todas as atividades de fiscalização delegadas. No entanto, a Flórida afirma ter controle total sobre decisões de detenção”, argumentou M.A. no pedido de liminar.

O juiz afirmou agir com cautela, observando que o autor “basicamente pede que este tribunal feche uma instalação de grande porte e alto custo, antes mesmo de qualquer decisão sobre a legalidade do local”.

Em outro processo relacionado, um juiz federal em Miami havia determinado, no ano passado, que o centro encerrasse suas atividades em até dois meses, por falta de análise de impacto ambiental. No entanto, um tribunal de apelação suspendeu temporariamente essa decisão, permitindo que a unidade continue funcionando.

Já em uma terceira ação, detentos pedem garantias de acesso confidencial a advogados. Eles alegam que visitas jurídicas precisam ser agendadas com três dias de antecedência, que detentos são transferidos após o agendamento e que atrasos têm impedido reuniões antes de prazos processuais importantes. Um juiz ordenou negociações entre as partes, mas elas terminaram sem acordo após nove horas de discussões.

Fonte: Local 10