Cerimônias de naturalização são canceladas "na linha de chegada", diz advogada

Governo Trump suspende decisões migratórias para pessoas de países considerados de "alto risco"

Por Lara Barth

Passaporte americano perdeu força com novas restrições de Trump

Cerimônias de juramento para a cidadania americana têm sido canceladas em todo o país, inclusive no último momento, afetando imigrantes que já haviam sido informados de que estavam aprovados para a naturalização. Segundo advogados e organizações de defesa de migrantes, a medida é resultado de uma decisão do governo do presidente Donald Trump de pausar processos imigratórios envolvendo cidadãos de países classificados como “de alto risco”.

Em 4 de dezembro, uma cliente da advogada Gail Breslow, cidadã haitiana, chegou ao histórico Faneuil Hall, em Boston, pronta para prestar o juramento de cidadania. Em vez disso, foi retirada da fila e informada de que a cerimônia havia sido cancelada. “Ela foi impedida de entrar no prédio. Disse que outras pessoas passaram pela mesma situação”, relatou Breslow, diretora-executiva da organização Project Citizenship.

De acordo com Breslow, desde o início de dezembro ao menos 21 clientes de seu escritório receberam orientação para não comparecer às cerimônias, apesar de já terem concluído todas as etapas exigidas pelo Serviço de Cidadania e Imigração dos EUA (USCIS).

A suspensão ocorre após um ataque a tiros atribuído a um cidadão afegão, suspeito de matar um integrante da Guarda Nacional. Em resposta, o governo Trump pausou decisões de asilo, ampliou restrições de viagem e cancelou cerimônias de naturalização. Em memorando divulgado em 2 de dezembro, o USCIS afirmou que alguns casos passarão por uma “revisão aprofundada”, incluindo novas entrevistas, para avaliar riscos à segurança nacional.

Críticos acusam o governo de usar o episódio para estigmatizar imigrantes e avançar uma agenda mais ampla de deportações. Em nota à ABC News, um porta-voz do Departamento de Segurança Interna (DHS) disse que a pausa visa garantir que todos os solicitantes desses países sejam verificados “no mais alto nível possível”.

Advogados afirmam que a decisão pode ser contestada judicialmente, especialmente nos casos em que os candidatos já haviam sido aprovados. “É como correr uma maratona, chegar à linha de chegada e, naquele momento, a corrida ser cancelada”, disse o advogado Josh Goldstein.

Mesmo diante da frustração, alguns afetados dizem que pretendem esperar. Raouf, residente permanente legal desde 2020 e com cerimônia cancelada dias antes do juramento, afirmou que continuará paciente: “Nada me deixaria mais orgulhoso do que me tornar cidadão americano”.

Fonte: ABC