Imigrante mexicana busca refúgio em igreja para evitar deportação

Por Gazeta News

imigrnate refugio igreja foto Ryan David Brown for The New York Times site
[caption id="attachment_137734" align="alignleft" width="300"] Amedrontada pela perspectiva de separação familiar, Vizguerra se refugiou na First Unitarian Society church, em Denver. Foto: Ryan David Brown The New York Times[/caption]

Jeanette Vizguerra, 45 anos, é uma das milhares de imigrantes indocumentados nos EUA que vivencia agora mais do que nunca o medo da deportação.

A mexicana, que chegou aos EUA em 1997, vive em Denver com os três filhos menores e, por correr o risco de ser deportada, há poucos dias buscou refúgio em uma igreja local, onde agentes federais não entram.

Amedrontada pela perspectiva de separação familiar, Vizguerra se refugiou na First Unitarian Societychurch, cujos congregantes deram anteriormente santuário a outro imigrante.

Vizguerra pensa em ficar no abrigo por tempo indeterminado, ou pelo menos até encontrar uma saída, tendo em vista o cerco aos imigrantes desde a posse de Donald Trump.

Segundo a legislação federal, agentes de imigração devem evitar entrar em igrejas e outros “locais sensíveis”, a menos que tenham conseguido a aprovação de um supervisor ou enfrentem “circunstâncias” que exijam ação imediata.

O futuro incerto no país tem deixado a mãe sem saber o que será melhor para sua família. “Preciso pensar”, disse ela. “Porque eu prometi aos meus filhos que seria muito difícil me tirar desse país. Já lutei tanto para estar aqui. Agora não é o momento de desistir.”

A mexicana foi condenada há alguns anos por usar documentos falsos e teve a saída dos EUA decretada. Ela então conseguiu adiar por cinco vezes o seu processo de deportação; e em dezembro do último ano, o seu advogado, Hans Meyer, pediu mais um.

Devido ao processo, Vizguerra tinha uma ida programada ao escritório local de Imigração e Alfândega na última quarta-feira, 15, mas ficou com receio de ser separada dos filhos e resolveu não comparecer.

Casada, além dos três filhos menores: Zury, de 6 anos; Roberto, de 10; e Luna, de 12, todos nascidos no território americano, a mexicana tem outra filha mais velha, Tania Báez, 26 anos, professora pré-escolar com três filhos, que não é cidadã americana mas tem uma autorização de trabalho sob o programa Deferred Action for Childhood Arrivals (DACA), criado pela administração Obama.

Nas últimas semanas, a família já tinha bolado um plano de emergência caso a imigração batesse à porta. Ninguém atenderia e, caso forçassem a entrada, uma das filhas gravaria as cenas em um celular, enquanto o filho ligaria para amigos da família e advogados, e o menor ficaria trancado em um dos quartos.

Vizguerra, que na área de Denver é bem conhecida como defensora da reforma migratória, dorme no porão da igreja com os três filhos desde então. “Minha intuição me diz que se eu entrar lá (Departamento de Alfândega e Imigração dos EUA), não sairei”, afirmou.

Seu advogado descobriu também esta semana que o último pedido de adiamento de deportação da cliente havia sido negado.

A situação de Vizguerra - primeiro o governo lhe ordenou que saísse, depois permitiu que ficasse - reflete as políticas de imigração de Obama que seus críticos chamavam de confusas e inconsistentes. E mesmo tendo Obama permitido que algumas pessoas ficassem aqui, também deportou milhões de outras pessoas.

Trump pretende acabar com a política do governo Obama de priorizar os criminosos mais sérios para deportação, tornando qualquer pessoa que responde a algum processo na justiça americana candidato para a deportação.

O The New York Times está acompanhando o drama da família, que até então, continua no abrigo.

Fonte: The New York Times.