Imigrantes brasileiros desaparecidos: uma estatística que cresce

Por Gazeta Admininstrator

Raramente se vê notícias de imigrantes brasileiros desaparecidoas. Salvo uma ou outra menção nos jornais da comunidade, a grande mídia simplesmente não dedica espaço a esses casos que, nos últimos cinco anos, segundo dados do Ministério das Relações Exteriores, já atinger 1.150 ocorrências.
E curiosamente, não é aqui, nos Estados Unidos, onde vive reconhecidamente a maior comunidade imigrante brasileira (o próprio MRE trabalha com o número de 1,5 milhão de brasileiros vivendo atualmente em território norte-americano) onde ocorre o maior número de desaparecimentos. Nem mesmo no Paraguai, onde vive a segunda maior comunidade – cerca de 500 mil imigrantes brasileiros). É no japão, onde reside a terceira maior comunidade brasileira no exterior (em torno de 300 mil) que o número de casos é maior.
Em relação aos desaparecidos, no entanto, o Japão lidera em números de casos. O MRE registrou 45 casos de sumiços de brasileiros no país em 2008. Os Estados Unidos são o segundo país em número de desaparecimentos de brasileiros: 25 casos no ano passado. No Paraguai, a violência é apontada como a principal causa de desaparecimentos. De acordo com a Polícia Federal, muitos sumiços acontecem na fronteira entre os dois países, em confrontos envolvendo “brasiguaios”.
O MRE reconhece que esse número deva ser maior - muitos parentes não relatam os sumiços e outros não avisam quando as pessoas são encontradas – e a ealidade é que, os números atribuídos aos Estados Unidos ( “apenas” 25 imigrantes brasileiros “oficialmente” desaparecidos em 2008 ) está, seguramente, muito abaixo da realidade. Além de existiram muitos casos em que os
familiares de ilegais não contactam as autoridades,
há também pessoas que não estão desaparecidas, de fato, mas simplesmente não querem contato com os familiares.
O que ocorre comumente dentro de nossa comunidade é a circulação, especialmente através de e-mails, de pedidos de ajuda na localização de crianças e adultos desaparecidos. Essa ajuda informal raramente levas à localização da pessoa. Só mesmo com ajuda das autoridades policiais ou diplomáticas, é que se pode ter uma chance maior de
sucesso em localizar os desaparecidos, vivos ou mortos.
Mas há o histórico temor, de parte considerável da comunidade – leia-se, os indocumentados – em lançar mão das autoridades policiais para o que quer que seja.
O temor, nesse caso, é totalmente njustificável. Há duas maneiras de se denunciar o desaparecimento de uma pessoa e contar com ajuda imediata. O primeiro é acionar a Polícia fornecendo fotos, dados e outras indicações que possam conduzxar uma busca ou investigação. É certo que nem sempre a Polícia – seja norte-americana, japonesa ou paraguaia – demonstra empenho e concentração de esforços nessa busca. Por isso, procurar o Consluado e denunciar o desaparecimento de um imigrante brasileiro é de grande importância e pode ser um ato crucial na localização da pessoa.
Para os familiares que vivem no Brasil, principalmente, a busca de um parente desaparecido no exterior é extremamente difícil. Entre os obstáculos enfrentados estão a distância, o alto custo para seguir as investigações de perto, o idioma e a burocracia.
Isso só reforça o alerta dado pelo Ministério das Relações Exteriores, que recomenda que todos os desaparecimentos sejam comunicados ao órgão, mesmo sendo um caminho mais burocrático e lento. A partir do registro, os funcionários do corpo diplomático acionam as embaixadas e consulados brasileiros no país onde estava a pessoa. Esses comunicam o sumiço ao Ministério das Relações Exteriores do país, que transfere o caso para o Ministério do Interior - no caso do Brasil, o responsável seria o Ministério da Justiça -, que alerta a polícia local.
Num mundo com explosão populacional, globalização da força de trabalho e movimentos migratórios cada vez maiores e mais complexos, ainda que haja um considerável avanço de tecnologia e procedimentos policiais, a localização de pessoas desaparecidas é um desafio dos mais difíceis.
O temor em acionar as autoridades policiais e diplomáticas apenas diminui radicalmente a chance de sabermos o paradeiro de nossos entes queridos.