Imigrantes conseguem primeira vitória no Senado

Por Gazeta Admininstrator

A Comissão Judiciária do Senado aprovou na noite desta segunda-feira(27) uma proposta de lei de imigração que abre o caminho para que milhares de trabalhadores indocumentados busquem a cidadania norte-americana, sem ter que sair antes do país. A proposta será discutida hoje no plenário do Senado.

A medida mais controvertida permitiria que os indocumentados que atualmente vivem nos EUA solicitem a cidadania sem ter que regressar a seus países de origem, um processo que levaria ao menos seis anos. Além disso, teriam que pagar uma multa, aprender inglês, estudar a história dos EUA e demonstram que têm pago corretamente seus impostos, informaram fontes do gabinete do senador Edward M. Kennedy, democrata de Massachusetts. Esses imigrantes teriam que entrar na fila, e teriam seus processos analisados depois daqueles que já solicitaram a cidadania anteriormente.

Depois de vários dias de protestos nas ruas, desde a Califórnia até o Congresso, em Washington, e em um ano de eleições legislativas, uma coalisão de democratas e republicanos votou também contra a proposta para impor sanções penais aos imigrantes que se encontrem ilegalmente no país. “Todos os norte-americanos queriam justiça e a obtiveram esta noite”, disse Kennedy, que teve um papel fundamental na elaboração da legislação.

A votação de 12-6 foi inusitada. A maioria dos republicanos se opôs à medida. O presidente da comissão, o republicano Arlen Specter, votou em favor da proposta, mas sugeriu que algumas de suas provisões poderiam ser modificadas pelo plenário do Senado, onde o debate começará hoje.

Em geral, a iniciativa tinha o objetivo de reforçar a patrulha de fronteira, gerar novas oportunidades para a chegada dos chamados trabalhadores hóspedes e determinar o futuro de cerca de 11 milhões de imigrantes que vivem sem documentos nos EUA.
Em vários momentos críticos os democratas da comissão mantiveram-se unidos, enquanto houve divisões entre os republicanos.
De maneira geral, os republicanos Lindsay Graham, da Carolina do Sul, Sam Brownback de Kansas, e Mike De Wine de Ohio, que buscam reeleger-se este ano concordaram com os democratas, que tiveram assim maioria que lhes permitiu delinear a proposta de acordo com suas preferências.

A senadora Dianne Feinstein, democrata da Califórnia, conseguiu a aprovação de um programa de cinco anos para permitir que 1,5 milhões de trabalhadores agrícolas entrem no país. “Isto proverá a indústria agrícola de uma força de trabalho legal e oferecerá aos trabalhadores do campo uma via para obter a cidadania”, observou. A medida foi votada por 11-5. Os votos contrários foram todos republicanos.

Além disso, Kennedy conseguiu que fosse aprovada uma proposta para permitir a emissão de 400 mil autorizações de residência permanente, conhecidas como “cartões verdes”, para futuros imigrantes, sem importar o setor da economia no qual pretenda trabalhar.
O senador Jon Kyl, republicano do Arizona, e outros conservadores, consideraram que o Governo daria uma anistia aos imigrantes, a menos que exija deles sair do país e entrar legalmente. Kyl acrescentou que a opinião pública norte-americana estava a seu lado. “Mais de 60% dos norte-americanos consideram adequado ter trabalhadores temporários, mas desaprovam dar a eles a cidadania”, afirmou Kyl, que pretende reeleger-se este ano.

Partidários de reformas na lei de imigração protestaram, ontem, em frente ao Congresso. Mais de 100 manifestantes usavam algemas para protestar contra o projeto que a Câmara dos Representantes que penaliza os programas de ajuda aos imigrantes pobres.
Mais de meio milhão de pessoas participaram no sábado (25) de manifestação em Los Angeles, exigindo que o Congresso abandone medidas que considerava como delinqüentes os indocumentados, e propunha que fossem construídos muros de 1,1 quilômetros ao longo da fronteira entre EUA e México.

Alguns especialistas em imigração estimam que 40% dos imigrantes indocumentados entram nos EUA de forma legal e acabam permanecendo além do prazo permitido.

Outros protestos similares, embora menores, aconteceram em Dallas, Phoenix, Milwaukee e Columbubus, Ohio, durante o final de semana.

Na segunda-feira (27), milhares de manifestantes, muitos deles levando bandeiras mexicanas marcharam pelas ruas de Detroit.
Outras centenas de estudantes abandonaram as aulas para participar dos protestos nas cidades de Dallas, Houston e em Hutington Park, na Califórnia.