Desde que o africano Souleymane Bah, de 47 anos, foi isolado com suspeita de ebola, os imigrantes africanos e haitianos que vivem em Cascavel (PR) passaram a ser hostilizados. Apesar dos exames do recém-chegado da Guiné ter dado negativo para o vírus, a discriminação continua.
Abdoulaye Telly Diallo, 26, e Maye Bangaly Camara, 27, fazem parte de um grupo de onze imigrantes da Guiné que estão morando no Albergue André Luiz, mesmo local onde ficou hospedado Bah. Eles, assim como outras pessoas que podem ter tido contato com o paciente, estão sendo monitorados diariamente. O centro de acolhida só funciona à noite. Durante o dia, enquanto não obtêm a documentação e vaga de trabalho, os imigrantes ficam na rua, mas têm se deslocado pouco para evitar hostilidades ou mesmo expulsos de certos locais.
“Não é justo pensarem que todos que vêm da África trazem ebola”, disse Camara à revista “Veja”.
Suspeita
Segundo informações do Ministério de Saúde, Souleymane Bah saiu da Guiné no dia 18 de setembro sem referir contato com pessoas infectadas pelo ebola. Em Cascavel, ele procurou atendimento médico no dia 9 de outubro, relatando febre, tosse e dor de garganta, sintomas iniciados no dia anterior – 20 dias depois de sair da Guiné.Sob suspeita de estar com o vírus, Bah foi transferido para o Rio, por onde passou por dois exames que testaram negativo. Esse poderia ter sido o primeiro caso da doença no Brasil.
Nigéria, Senegal e Estados Unidos e Espanha são os países fora da África que já registraram casos.
Em todo o mundo, mais de 8 mil casos foram registrados e o número de mortes já ultrapassa 4,5 mil, segundo a Organização Mundial de Saúde.