Imigrantes sentem-se na obrigação de dar voz aos que não podem votar

Por Marisa Arruda Barbosa

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Imigrantes recém-naturalizados são um grande bloco de novos eleitores nessas eleições. Desde as eleições presidenciais de 2008, mais de dois milhões de pessoas se naturalizaram, das quais grande parte votou nas últimas semanas.

Para muitos imigrantes naturalizados, o gosto de ter o direito de votar equivale a votar por si e por aqueles que ainda não chegaram a ter este direito. A brasileira Iolanda Monteiro, de Boca Raton, diz que conhece muitas pessoas que gostariam de votar e ainda estão na ilegalidade. “Votei pensando naqueles que não podem votar, dei um grito por eles”, diz Iolanda. “Muitos que gostariam de votar têm a mesma opinião que a minha. Votei em Barack Obama”.

Para Cláudia Perfeito, votar nessas eleições foi também uma forma de representar seu marido, que há meses está preso no Broward Transitional Center, em Pompano Beach, depois que foi pego dirigindo embriagado. Mesmo assim, ela defende que ele já tinha um processo com a Imigração, pois já havia dado entrada em seu processo para o pedido de Green Card.

No dia 8, Cláudia tem a entrevista marcada com a Imigração, em Tampa. Ela vai sozinha, pois seu marido continua preso. Depois, a imigração deve entrevista-lo dentro do BTC, segundo ela.

Cláudia sempre votou, mas este ano sentiu que queria, ainda mais, dar essa força com o seu voto, representando não só seu marido, mas todos aqueles que estão na sombra, em um país de oportunidades.

Alguns recém-naturalizados votaram pela primeira vez na vida nessas eleições. Esse é o caso de Zaw Htike, de 37 anos, um refugiado de Burna, que contou ao “Today.com” o que é sentir-se sem voz ativa em um país conhecido pelo regime militar brutal e violações dos direitos humanos. Zaw tornou-se cidadão americano recentemente, e disse que pela primeira vez em sua vida tem a oportunidade de votar.

De acordo com o U.S. Citizenship and Immigration Services, 2.057.821 pessoas tornaram-se cidadãs americanas entre 2009 e 2011 (os números de 2012 ainda não estão disponíveis). O maior número de naturalizações ocorreu na Califórnia, Flórida e Nova York.

A dominicana Dariana Castro disse ao ‘Today.com” que mesmo já tendo o direito, por muitos anos pensou em não se naturalizar, pois para ela, manter o passaporte dominicano seria uma forma de preservar sua identidade. Coordenadora em uma escola em Nova York que ensina inglês para novos imigrantes e refugiados, geralmente indocumentados, Dariana contou que resolveu se registrar para votar um dia em que visitou um ex-aluno preso pela Imigração.

“Na volta do centro de detenção, eu resolvi aproveitar essa oportunidade que tantos querem e não podem”, disse ela ao site. “Muitas decisões que afetam os imigrantes são tomadas, mas nenhum deles tem uma voz. Você se sente no direito de representar aqueles que não podem lutar”.