Imigrantes voltam a ocupar as ruas em todo país.

Por Gazeta Admininstrator

Dezenas de milhares de pessoas realizaram passeata no domingo(9) em várias cidades dos Estados Unidos na véspera de um protesto marcado para ter dimensão nacional, com o objetivo de exigir do Congresso uma reforma migratória que legalize os cerca de 11 milhões de trabalhadores indocumentados.

As manifestações de domingo aconteceram no Texas, Novo México, Minnesota, Alabama e Califórnia, e reuniram um número maior de pessoas em Dallas, com a participação de 350 mil a 500 mil pessoas, de acordo com cálculos da polícia.

Os organizadores dos protestos têm buscado chamar a atenção nacional e internacional sobre o futuro dos imigrantes ilegais, e estão convocando novas manifestações.

O Senado adiou, na sexta-feira(7) a aprovação de projeto que prevê uma ampla reforma das leis de imigração. O projeto, que até quinta-feira(6) era considerado consenso, prevê oportunidade automática de legalização para imigrantes indocumentados que estão no páis há mais de cinco anos. Para aqueles que estão nos EUA entre dois e cinco anos, a exigência seria de retorno ao país de origem para re-entrada com ingresso no programa de trabalhadores temporários. Os que estão a menos de dois anos no país seriam deportados.

Apesar do fracasso de um acordo bipartidarista sobre a lei de imigração, o presidente da Comissão Judicial do Senado, Arlen Specter, expressou otimismo no domingo(9) no sentido de que os senadores possam aprovar o projeto no retorno do recesso, que se iniciou nesta semana, e durará duas semanas.

Marcha Nacional
Os manifestantes escolheram a segunda-feira(10) para realizar dezenas de manifestações em nível nacional, em uma demonstração de que o movimento de imigrantes têm adquirido integração em todo o país. Os ativistas entendem que a decisão do Senado da semana passada de não aproval um projeto de oferecesse aos indocumentados a possibilidade de alcançar a cidadania, não é causa nem de celebração, nem de pessimismo, mas sim uma ocasião que requer organização dos imigrantes em prol de um causa comum.

De acordo com as lideranças de grupos imigrantes, pelo menos 60 cidades norte-americanas foram palco de manifestações na segunda-feira(10), entre elas, New York, Washington, Philadelphia, Pennsulvania, e Los Angeles, Califórnia, Dallas, Texas, St. Paul, Minnesota, Des Moines, Iowa, Long Island, Goshen e Indiana.
Em Carolina do Norte e Dallas, grupos de imigrantes convocaram um boicote econômico, com o objetivo de demonstrar o impacto financeiro da ausência de imigrantes no mercado de trabalho. A polícia de Atlanta estimou em 50 mil pessoas os manifestantes, a maioria com bandeiras norte-americanas, que percorreram uma extenção de 3,2 quilômetros, a partir de uma dos maiores bairros locais de imigrantes.

O reverendo James Orange, da Georgia, comparou a marcha às manifestações pelos direitos humanos lideradas pelo reverendo Martin Luther King Jr., e pelo trabalhador rural Caesar Chavez. “Pessoas do mundo, nós viemos para dizer que esse é o nosso momento”, disse Orage.

Nineth Castillo, de 26 anos, uma garçonete da Guatemala que uniu-se à marcha de Atlanta, disse que vive nos EUA há 11 anos sem nenhum documento. Ela nem de longe temeu participar da manifestação que contou com massiva segurança policial. “Medo? Por que? Eles nos jogam pra fora e no dia seguinte nós voltamos”, disse a manifestante rindo.

Centenas de hispânicos em North Carolina foram convocados a faltar ao trabalho ou boicotar todas as compras na segunda-feira, para demonstrar o impacto financeiro da comunidade latina no setor de negócios. “Se você precisa de pessoas aqui para trabalhar e consumir, então é preciso que dê a elas um canal legal para chegar lá”, disse Adriana Galvez, uma das organizadoras do protesto.
Em Fort Lauderdale, na Flórida, grupos de brasileiros uniram-se à manifestação organizada em frente à Corte federal. Acompanhando o coro cantado em praticamente todas as cidades do país onde houve manifestações, eles repetiram em espanhol as palavras de ordem que marcaram a mais ampla série de manifestações já vista na história recente dos EUA: “Si, se puede”.

O sentimento dos brasileiros que participaram do ato refletia as palavras do coro. Misleine Faria, de 22 anos, cabelereira, está certa de que o Senado aprovará uma lei favorável aos imigrantes. “Acredito que sim, porque é uma forma de selecionar os imigrantes, aqueles que têm qualificação, que estão aqui para trabalhar e ajudar o pais, e os outros. Essa lei de cinco anos seria justa”, acredita.

Para Tânia Mello, faxineira de 43 anos, não há dúvidas de que os EUA necessitam do trabalho imigrante. “Tem que ter imigrantes para funcionar esse país. Se todos os imigrantes pararem um dia, esse país não será nada”, disse a brasileira que acredita que antes de oferecer anistia a todos, os senadores deveriam “verificar quem é quem”.

Perseu Mello, de 52 anos, que trabalha com a instalação de piscinas, defende o mesmo ponto de vista. “O imigrante é necessário nesse país. Sempre foi e pelo jeito vai continuar sendo porque o próprio americano continua se recusando a fazer um monte de trabalhos que o imigrante faz”, conclui.

Mas a manifestação contou também com a participação de alguns americanos, simpáticos à causa dos imigrantes. Christina Tiuccino uniu-se aos brasileiros e hispânicos a convite de uma amiga, cidadã americana, nascina na Argentina. “Os imigrante são uma grande ajuda. Seria bom se eles pudessem ser parte da sociedade e também pagar seus impostos”, disse.