Imóveis: quem paga em dia se sente prejudicado

Por Gazeta Admininstrator

Mais de quatro em cada dez proprietários no Sul da Flórida, que compraram imóvel nos últimos cinco anos, devem mais do que o valor de seus imóveis.

Para aqueles que compraram em 2006, ano de pico dos preços no mercado, a situação é ainda pior. Nada menos que 76% destes proprietários estão “enforcados”. Suas dívidas de financiamento são superiores ao valor de mercado de seus imóveis.

As estatísticas, fornecidas pela empresa Zillow.com, mostram a fragilidade do mercado imobiliário no Sul da Flórida. Alguns proprietários sentem-se frustrados por não poderem usufruir de programas oferecidos pelos bancos que prevêm corte de juros e, algumas vezes, redução do principal da dívida, a fim de manter as pessoas em suas casas. Para se candidatar a tais vantagens, geralmente, os proprietários têm que estar em atraso nas prestações, ou em processo de foreclosure.

Amy Kaye, de 74 anos, descreve-se em uma situação “ridiculamente” invertida em seu imóvel de um quarto comprado em 2005, em South Miami-Dade. Ela pagou cerca de $160 mil. Kaye conta que o financiador Countrywide recusou ajudá-la porque seus pagamentos estão em dia.
- Em último caso, terei que começar a jogar o jogo do sistema e parar de pagar, porque o único auxílio disponível só se aplica àquelas pessoas que não estão pagando”, diz Kaye.

Há dois anos, Justin Miller pagou $600 mil por um imóvel em um condomínio em Fort Lauderdale. Ele estima que seu imóvel perdeu entre $100 mil e $150 mil em valor de mercado.

- Vai levar uns 10 anos para recuperar esse dinheiro. Quando você está $100 mil atrás do mercado, você está jogando o dinheiro na privada”, diz Miller.

- Você diz: “Tenho orgulho de meu histórico de crédito”, mas em um certo momento, com tudo isso acontecendo, você se dá conta de que talvez tenha que colocar o orgulho de lado – diz Miller, acrescentando que tentará pagar seu financiamento, enquanto for possível.

Para solucionar alegações de empréstimos em condições abusivas, a empresa financiadora Countrywide, agora de propriedade do Bank of America, informou que refinanciaria mais de 51 mil tomadores de empréstimos, de forma a proporcionar a eles condições razoáveis. Ofereceu juros fixos e, em alguns casos, taxas de juros de até 2,5% e, até mesmo, redução do principal da dívida.

Também um fundo federal de $300 bi-lhões, batizado de Hope for Homeowners (Esperança para Proprietários), que entrou em vigor em 1° de outubro (conforme o Gazeta noticiou com exclusividade), oferece refinanciamento para proprietários que estão em risco de inadimplência, ou em foreclosure.