Tendo assistido as eleições brasileiras e as americanas em seguida, vemos o contraste dos eleitores nos dois países. Enquanto no Brasil todos têm que votar, fazendo com que muitos nem tenham informações detalhadas sobre seus candidatos, nos Estados Unidos o esforço primordial dos candidatos é motivar as pessoas a irem às urnas.
Enquanto o presidente Barack Obama representou, pelo menos até a sua reeleição, os latinos e as minorias, um número sem precedentes desse grupo foi às urnas com mais paixão política. Essas são as mesmas pessoas que agora torciam mais pelos democratas para que assim o presidente pudesse cumprir suas promessas com o apoio político necessário a sua volta em seus últimos dois anos de mandato.
A eleição de “midterm”, na qual não se vota no presidente, é a que se vê uma presença bem menor dos mesmo que elegeram o presidente democrata. Foi a falta dessas pessoas – ou a decepção com o presidente – que fez com que os republicanos retomassem o controle do Senado.
O Congresso agora terá muito mais oposição diante das ações do presidente. Para aqueles que esperavam alguma votação na reforma imigratória, as eleições do dia 4 foram uma derrota para que se chegue a uma lei detalhada. Agora, só resta a Obama, pelo que tudo indica, a Ordem Executiva.
A lição a se tirar dessas eleições é que é desproporcional o número de eleitores democratas e republicanos. Composto de um público mais velho, mais tradicional – e mesmo mais consciente – o eleitorado republicano tem mais iniciativa de sair e votar do que o democrata, de acordo com artigos publicados ao longo dos últimos meses.
Aqueles que esperavam alguma coisa e podem votar, devem aprender a lição do quanto cada voto conta. Aqueles que simpatizam principalmente com a questão da imigração – seja ele um recém-cidadão, imigrante, filho de imigrantes, ou algo do gênero, deve reconhecer a importância do próprio voto: ele vale por um grupo de pessoas que ainda não podem nem ir e vir com uma carteira de motorista.
Claro que a derrota dos democratas não se deve somente à abstenção de eleitores, mas também ao fato de que, de acordo com o Pew Research Center, 65% dos norte-americanos estão insatisfeitos com a situação do país e a maioria reprova a atuação do presidente Obama.
No entanto, a população também reprova a atuação do partido republicano: apenas 38% das pessoas consultadas pelo Pew têm a visão favorável ao partido.
Como disse o editorial do “New York Times” no dia 5, os republicanos gostariam que nós acreditássemos que eles conseguiram o controle do Senado por oferecer uma longa lista de promessas, como a criação de emprego, etc. Mas, na realidade, isso não aconteceu.
Mesmo os eleitores que votaram nos republicanos não saberiam explicar qual a agenda. “Isso é porque virtualmente todos os republicanos fizeram campanha em cima de apenas uma coisa: o que eles chamam de a falha do presidente Obama”, disse o corpo editorial.
Entre as coisas que os republicanos prometeram estavam questões negativas, como rejeitar a reforma na saúde e a reforma da imigração. Esta estratégia não é uma surpresa, já que o clima de negativas está presente desde que o presidente assumiu o poder. Agora basta esperar para ver o que vem por aí nos próximos dois anos, até o final do mandato do presidente Obama.