Índice de rejeição de vistos dos EUA deve triplicar, segundo levantamento

Por Daniel Galvão

A forte crise econômica no Brasil, com dois estados já tendo decretado Calamidade Pública (Rio de Janeiro e Rio da Grande do Sul) e a consequente ‘fuga’ de insatisfeitos para outros países, sobretudo Europa e EUA, são apontados como os principais motivos para um cenário que não se via há algum tempo: muitos brasileiros tendo o pedido de visto americano negado.

De acordo com levantamento da Folha de São Paulo, o índice de rejeição de vistos dos EUA para brasileiros, em 2016, deve registrar o triplo do ano passado e o quíntuplo de 2014. Segundo o jornal, cerca de 15% dos turistas brasileiros este ano terão suas entradas nos Estados Unidos negada, contra 5,36% em 2015 e 3,2% do ano anterior.

Este percentual pode não ser exato, uma vez que os índices oficiais serão apresentados na próxima segunda-feira (28). Entretanto, segundo dados divulgados pela Frontex, a União Europeia registrou aumento de 41% no número de brasileiros barrados nas fronteiras no segundo trimestre deste ano. Ao todo, foram 945 este ano, contra 669 do mesmo período de 2015.

Por outro lado, o Itamaraty divulgou relatório nesta segunda-feira, 21, criticando a proposta de prorrogação da isenção unilateral de vistos para turistas americanos, canadenses, japoneses e australianos. A medida esteve em vigor entre 1º de junho e 18 de setembro com pretexto de aumentar o número de estrangeiros nas Olimpíadas do Rio de Janeiro e deve ser votada esta semana novamente na Câmara.

Ainda segundo o Itamaraty, não houve aumento significativo no fluxo de turistas especificamente em decorrência da isenção de vistos – o que mostra a falta de necessidade de manutenção desta política. O órgão aponta que o maior número de visitantes no país se deu no período da competição.

Por exemplo: no caso dos turistas americanos, houve entrada de 116.253 em agosto, mês dos Jogos –um aumento de 47,3% na comparação com agosto de 2015. Em junho, houve queda de 0,14% na comparação com o mesmo mês em 2015; em julho, queda de 0,45% e em setembro, recuo de 6,5%.

Do outro lado deste ringue estão a Casa Civil, o Ministério do Turismo, as companhias aéreas e agências de viagem. Todos pressionam para que a isenção unilateral de vistos seja prorrogada. A justificativa é que essa seria uma forma de aquecer a economia e aumentar o número de turistas estrangeiros no Brasil.

A política migratória que será adotada por Donald Trump ainda é uma incógnita. No entanto, é fato que entre os países dos Brics, China, Índia e Rússia exigem visto de nacionais norte-americanos, por exemplo. E mesmo países em desenvolvimento do G-20, como Turquia e Arábia Saudita, também não abrem mão desta exigência. Será o Brasil o primeiro a tomar outro caminho?!