Trabalhadores imigrantes e empregadores afirmam estar observando uma redução na oferta de trabalho no Sul da Flórida, após o aumento das iniciativas de repressão a indocumentados.
Para milhares de imigrantes indocumentados do Sul da Flórida, o ano novo oferece mais incertezas e descontentamento e, para muitos, o caminho de volta para a terra natal, como única solução.
Em reportagem publicada na semana passada, o jornal Miami Herald ressalta que das fazendas de Homestead às áreas mais conhecidas de oferta de mão-de-obra em Florida City e em Fort Lauderdale, os trabalhadores imigrantes têm que fazer um grande esforço para conseguir trabalho, à medida em que o Departamento de Segurança Interna aumenta as medidas repressivas contra os indocumentados. A repressão tem aumentado, gradativamente, desde a derrota da lei de imigração no Senado.
O jornal informa ter entrevistado “mais de duas dúzias” de empregadores e traba-lhadores indocumentados do Sul da Flórida, em parceria com o jornal El Nuevo Herald, do mesmo grupo. A maioria, afirma a reportagem, teme tempos mais difíceis em um futuro próximo. “Evidências mostram que os imigrantes estão enviando menos dinheiro para seus países de origem na América Latina e Caribe”, afirma a reportagem.
Inúmeros imigrantes sem autorização de trabalho, observa a matéria, estão vendo suas oportunidades de trabalho desaparecerem, e dizem que estão pensando em fazer as malas, deixando empregadores que contam com sua mão-de-obra barata. “As batidas que aconteceram durante o verão e no início do outono são uma preocupação. Se elas se intensificarem vamos ter problemas de falta de mão-de-obra”, afirmou Larry Dunagan, um fazendeiro de Homestead ao Miami Herald.
Os trabalhadores imigrantes têm enfrentado períodos maiores entre um traba-lho e outro, ou têm perdido seus trabalhos por não poderem comprovar seu status legal. Uma pesquisa recente divulgada pelo Pew Hispanic Center, entre 2.003 hispânicos em todo o País, mostra que quase dois terços dos pesquisados acreditam que a vida tornou-se mais difícil desde a derrota da lei de imigração no Congresso.
Há três ou quatro anos eu trabalhava todos os dias. Hoje, trabalho uma ou duas vezes por semana. Antes fazia $450 por semana. Agora não passa de $100 ou $150”, disse Raimundo Gomes.
No ano fiscal que terminou em 30 de setembro, o U.S. Immigration Customs Enforcement executou quase o dobro do número de ordens de deportações de fugitivos em relação ao ano anterior. Foram 30.408 presos e deportados, em comparação a 14.462 do ano passado, em todo o País. A agência de Miami prendeu 2.579 fugitivos, em comparação a 1.456 no ano fiscal de 2006.
Anualmente, alguns empregadores recebem cartas da Administração de Seguro Social quando os nomes de alguns empregados não coincidem com o número de Seguro Social informado por eles.
O medo de empregar indocumentados pode tornar-se ainda maior na Flórida, caso os legisladores aprovem projetos que envolvam a polícia local em temas de imigração. Proposta neste sentido foi apresentada pelo republicado Don Brown, de Panhandle.

