Indústria do turismo na Flórida já sente impacto da alta do dólar no Brasil

Por Marisa Arruda Barbosa

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O aumento meteórico no número de visitantes brasileiros à Flórida fez com que a indústria de turismo se estruturasse em cima disso, aumentando voos vindos do país e serviços em português. Mas, agora, tanto esses turistas quanto as empresas que apostaram no turismo de brasileiros estão sentindo os impactos da alta do dólar e a desvalorização do real. Nesse dia 19, o dólar quase alcançou R$3,30.

Viviane Leitte, agente de viagens da Costamar Travel, confirma: “As vendas da Flórida para o Brasil dobraram e as do Brasil para a Flórida caíram muito”, disse ela. “O telefone de nosso escritório na Flórida não para de tocar e tem passagem da Flórida para o Brasil a $693,00 no mês de julho”.

Por causa da falta de procura, companhias aéreas estão fazendo ofertas especiais do Brasil para os Estados Unidos. De acordo com o site Melhores Destinos, a Delta Airlines tem passagens saindo de 25 cidades do Brasil e com 12 destinos diferentes nos EUA a partir de R$1.012, ida e volta.

“A procura caiu porque mesmo com a passagem barata, com a alta do dólar é preciso ter muito mais dinheiro para gastar nos Estados Unidos. Só está vindo quem realmente tem necessidade”, completou Viviane.

Em Orlando, Luís Sombra, que trabalha com transporte, venda de ingressos e passagens, diz que por enquanto está trabalhando com turistas com reservas antigas indo para a cidade. “Mas, até julho esperamos uma queda de 40%. Estamos muito preocupados”, disse ele, que trabalha através do grupo do Facebook, Orlando Fácil com Sombra. “Mesmo entre os que vêm, já é possível notar a mudança no comportamento dos consumidores”.

Júlio Martins, gerente da loja Brazil Center USA, localizada na International Drive, em Orlando, já percebe queda no número de famílias brasileiras visitando a loja, que vende uma variedade de produtos, que vão de óculos até eletrônicos. “Já é notável a queda no número de pessoas entrando e comprando”, relata.

Antes, o brasileiro gastava em média $300 dólares ou mais, disse Júlio. “Agora, isso caiu pela metade. Eles compram o essencial. Entram seguindo a lista de compras e não passam muito disso”.

Segundo Júlio, alguns produtos mais caros ainda vale, a pena comprar nos EUA, mas com o valor do dólar. “Um smartphone de $130 dólares que custa R$400 reais no Brasil não compensa mais com o dólar a mais de R$3 reais. Mas, por exemplo, um celular de $600 dólares aqui ainda custa de R$2600 a R$3 mil reais. Ainda compensa”, explica o gerente.

Mas o que está salvando lojas como a Brazil Center é também vender para o público local e de vários países. “Mesmo assim, sentimos o impacto no momento, porque 80% dos nossos clientes eram brasileiros. Isso caiu pela metade”. Júlio explica ainda que já faz um ano e meio que a loja está passando por reformulação, mudando o logo e nome de Brazil Center para BC e reformando o site para vendas on-line. A preocupação também vai além dos negócios que vendem para brasileiros. O Visit Orlando, companhia público-privada que monitora o turismo na região, tem o Brasil no radar há algum tempo em um estudo econômico feito por Daryl Cook, diretor sênior de pesquisa de mercado da agência.

O estudo mostra que o Canadá, Brasil e Reino Unido formam 55% das visitas internacionais a Orlando. De acordo com o Visit Orlando, brasileiros devem continuar visitando a região, mas não gastarão tanto quanto antes.