Infância roubada: 152 milhões de crianças em todo o mundo são vítimas de trabalho forçado

Por Gazeta News

[caption id="attachment_185964" align="alignleft" width="383"] Foto: Ministério do Trabalho[/caption] No Dia Mundial contra o Trabalho Infantil, celebrado na quarta-feira, 12 de junho, a Organização Internacional do Trabalho (OIT) aproveitou para enfatizar o progresso alcançado ao longo dos 100 anos de existência da entidade, seu apoio aos países-membros no combate a essa violação de direitos humanos, mas também mostrou números que revelam um lado cruel da humanidade. 152 milhões de crianças em todo o mundo são vítimas de trabalho infantil; 88 milhões são meninos e 64 milhões são meninas; 48% de todas as vítimas de trabalho infantil têm entre 5 e 11 anos; a incidência de trabalho infantil em países afetados por conflitos armados é 77% maior que a média global; a incidência de trabalho perigoso é 50% maior. Os números são do site ‘Compassion’, que reúne dados sobre trabalho infantil e pobreza no mundo. Segundo a Organização Internacional do Trabalho (OIT), o Brasil tem 2,4 milhões de crianças e adolescentes entre 5 e 17 anos trabalhando. Seja na agricultura, na pecuária, no comércio, nos domicílios, nas ruas, na construção civil, entre outras situações, os menores têm sua infância e adolescência roubados. Lembrando que a lei brasileira permite que maiores de 16 trabalhem, mas é uma permissão parcial e são proibidas atividades noturnas, insalubres e perigosas até os 18 anos. Ainda segundo a OIT, as marcas do trabalho infantil tendem a ser irreversíveis e as crianças as carregam para a vida toda - tanto as físicas quanto as mentais. “Lesões e deformidades na coluna, alergias, irritabilidade. Segundo o Ministério da Saúde, crianças e adolescentes se acidentam seis vezes mais do que adultos em atividades laborais porque têm menor percepção dos perigos”, aponta a Organização. Fundada em 1919, a proteção das crianças fez parte da Constituição da OIT. Uma das primeiras convenções adotadas abordou a Idade Mínima de Admissão nos Trabalhos Industriais (No. 5, 1919), sendo ratificada pelo Brasil somente em 1934. No Brasil, em 2007, o 12 de junho também foi instituído como Dia Nacional de Combate ao Trabalho Infantil pela Lei Nº 11.542/2007. Mas entre o que está no papel e a realidade, onde leis não são cumpridas e nos cantões do mundo o povo as desconhece, há um abismo muito grande. “Neste Dia Mundial, lembramos o compromisso estabelecido por todos os países-membros das Nações Unidas de alcançar a Meta 8.7 do Objetivo de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da Agenda 2030 da ONU, que visa o fim do trabalho infantil em todas as suas formas até 2025”, disse a OIT em comunicado publicado no site das Nações Unidas Brasil. Por exemplo, o trabalho infantil ainda é pior para as meninas que somam 94% no trabalho doméstico. Dessas, 73,4% são negras; 83% trabalham em casa ou na de terceiros e nem todas frequentam a escola. Sem contar a exploração sexual: 10 casos por dia, sendo a maioria de garotas. Considerada uma das piores formas de trabalho infantil pela OIT, no Brasil, 10 casos são registrados diariamente pelo Disque 100. Entre crianças, 74% são meninas; entre adolescentes, elas são 92%. Assim, diante dos números mostrados acima, é possível perceber que o preço do trabalho infantil sai muito, mas muito mais caro não só para os países com mais altos índices, mas para toda a humanidade.