Infecções 'podem desencadear câncer infantil', diz estudo

Por Gazeta Admininstrator

Os resultados de uma nova pesquisa sobre câncer infantil dão novas provas de que infecções comuns que afetam mães e bebês podem ter um papel importante no desenvolvimento de certas doenças.
A pesquisa, liderada por Richard McNally, da Universidade de Newcastle, na Grã-Bretanha, foi divulgada nesta segunda-feira pela universidade e deve ser publicada na edição de dezembro da revista especializada European Journal of Cancer.

A equipe de cientistas analisou três mil casos de câncer infantil, em crianças de zero a 14 anos, num período entre 1954 e 1998.

Eles descobriram que dois tipos de câncer, leucemia e câncer no cérebro, ocorriam repetidamente em crianças em épocas e localizações geográficas específicas.

Este "agrupamento espaço-tempo" dos casos é um padrão típico de doenças infecciosas, o que dá peso à teoria de que epidemias poderiam ter relação com o surgimento de casos de câncer.

"Pegar câncer"

Os pesquisadores alertaram, porém, que isso não significa que as pessoas possam "pegar câncer" junto com as doenças infecciosas.

Isso porque a infecção só levaria ao desenvolvimento de câncer em um número muito pequeno de indivíduos que já são geneticamente suscetíveis à doença.

"Descobrimos que o local de nascimento era particularmente importante, o que sugere que uma infecção na mãe, durante a gravidez, ou na criança, em seus primeiros anos, pode ser um fator que vai desencadear o câncer", disse Richard McNally, que trabalha na Escola de Ciências Médicas e Clínicas (Saúde Infantil) da Universidade de Newcastle.

"Estas podem ser doenças comuns, sem gravidade, que não são nem mesmo motivo de consulta com o médico, como resfriado, uma gripe fraca ou um vírus no sistema respiratório."

"De qualquer forma isto pode levar ao câncer apenas os indivíduos que já têm células mutantes em seus corpos. O vírus pode atingir esta célula mutante e causar uma segunda mutação, estimulando o início de casos de câncer como leucemia ou tumor no cérebro", acrescentou.

A descoberta pode levar à adoção de medidas preventivas mais eficientes para câncer, e resultar em um melhor tratamento da doença.