Intertransfers: será que clientes terão um final feliz? - Editorial

Por Marisa Arruda Barbosa

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Quando a Intertransfers fechou as portas, analistas brasileiros do setor financeiro afirmaram que a quebra de companhias de remessas era somente uma questão de tempo. A previsão era que acontecesse o mesmo que aconteceu com as empresas de mudança nos últimos anos.

De certa forma, aconteceu: a empresa fechou. Mas em que ela foi diferente? A Intertransfers seguiu a regulamentação americana, que exige seguro e formas de amenizar o prejuízo dos clientes. Claro, que não aplaudimos aqui a falta de informações para clientes logo depois do fechamento da empresa, mas ela agiu diferentemente de muitas empresas brasileiras, como, por exemplo, as companhias de envio de mudanças para o Brasil, que além de não prestar satisfação aos clientes, com suas devidas exceções, permaneceram em um vão entre as leis brasileiras e americanas, sem que seus donos sejam alcançáveis pela justiça.

Claro que ainda é cedo para falar, mas esta semana tivemos um indício de que a história dos clientes da Intertransfers pode, sim, ter um final feliz – isto é, aqueles que confiaram na Justiça americana e seguiram todos os passos exigidos para fazerem um pedido formal pela restituição do dinheiro enviado pela empresa. O GAZETA obteve informações de uma cliente que diz ter recebido o dinheiro de volta, que ela enviou para um pagamento em abril e nunca chegou ao Brasil.

Essa história feliz se contrasta muito com o desfecho da história que contamos há algumas semanas, de quem resolveu ir até o fim e recuperar suas caixas no Brasil: o saldo final foi de milhares de reais, centenas de horas gastas lidando com burocracia e a Justiça brasileira e, para muitos deles, várias viagens até os portos, depois de tentativas frustradas de encontrar com inspetores e responsáveis. Quem pagou por isso tudo? Ninguém.

Quem vê casos como esses das caixas pode ter custado a acreditar que veria de volta seu dinheiro enviado pela Intertransfers. Descrédito este que talvez o tenha impedido de gastar horas – que poderiam também ser em vão – preenchendo papelada e lidando com a burocracia americana. Ou seja, o caso dessa cliente e outros que devem aparecer deve servir como lição não só para empresas brasileiras que podem fazer as coisas de uma maneira correta, mas também para pessoas que não acreditam na Justiça, que desistiram de lutar desde o início, com a mentalidade do brasileiro acostumado a ser roubado.

Para terminar, vale fazer um lembrete importante à comunidade. Esta semana, milhares de crianças se preparam para voltar às aulas. Por isso, nessa edição, temos uma matéria especial sobre brasileiros que se adaptaram tanto ao sistema americano, que aderiram à educação de seus filhos pelo método homeschool, ou seja, ensinando em casa. Os próximos dias serão de retorno às atividades em geral, e isso exige maior cautela no tráfego, não só para os limites de velocidade nas zonas escolares, como também para crianças e jovens de bicicleta e a pé nas ruas.