Investir pelo programa de visto EB-5 requer cuidados

Por Gazeta News

clever correia arquivo pessoal

A advogada Renata Castro Alves está acompanhando o caso do brasileiro Clever Correia, 40 anos, natural de Fortaleza (CE), investidor financeiro autônomo no Brasil que veio aos EUA com a família em julho de 2016 em busca de uma vida melhor, assim como vários outros brasileiros. Porém, Correia afirma que foi enganado por um outro brasileiro, Fabiano Silveira, com a promessa de morar legalmente em Miami por meio do visto de investidor, o EB-5.

Correia decidiu aceitar a proposta de abrir sociedade em um negócio de aluguel de carros, inclusive de luxo, em Miami. “Paguei inicialmente o valor de $45 mil dólares e depois fui realizando pagamentos picados, conforme solicitado. Ao todo teriam sido em torno de $350 mil dólares, afirma o cearense. “Encerrei todos os meus negócios no Brasil, coloquei à venda todos meus bens e transferi todo meu capital para contas de terceiros indicados por ele, lá mesmo no Brasil”, relata.

O investidor acreditou que conseguiria se legalizar com um tipo de visto de investidor prometido, que posteriormente seria transformado em green card e que ele teria participação nas empresas aqui, como sócio”, conta.

“Durante os meses aqui cobrei por diversas vezes a regularização dos documentos e a resposta que ele dava era que eu deveria aguardar. Até que, em novembro, Fabiano parou de pagar os rendimentos sobre o capital que investi e disse não ter como devolver meu dinheiro. Aí ficou mais do que claro que não existia documentação alguma”, conta.

Correia alega que recentemente chegou a receber um cheque no valor de $250 mil dólares, mas sem fundo. A suposta vítima afirma que, nas últimas semanas, tentou contato com o empresário, porém, sem sucesso.

Para não ficar em situação irregular no país, Correia aplicou para o visto de estudante enquanto tenta reaver o capital, porém, como o prazo da permanência legal já estava expirando, a família voltou esta semana para o Brasil.

Para tentar reaver o dinheiro investido, Correia procurou então a advogada de imigração mencionada nesta matéria, que disse ao GAZETA que, “quanto ao visto de investidor, legalmente não pode ser feito nada porque não houve investimento adequado e não existe nenhuma empresa. “Ele foi enganado. Será feita notificação sobre os cheques sem fundo que foram emitidos pelo acusado para que ele pague o meu cliente”, declara.

Quero que ele me pague o dinheiro que investi e que mais pessoas tenham conhecimento de quem ele é não caiam na lábia dele”, conclui Correia.

Empresário nega denúncias

Ao GAZETA, Fabiano Silvestre, negou todas as acusações e afirma que nunca houve promessa alguma de visto. “Nunca prometi nada para ele sobre visto. Ele veio porque tinha um sonho de morar nos EUA e achou que fosse fácil, mas não é bem assim que as coisas funcionam”, disse.

Sobre o investimento e a sociedade, Fabiano também negou que houve a sociedade e que recebeu algum dinheiro de Correia, afirmando que não existe contrato assinado, cheque ou papel que comprove a acusação. “Nós iríamos começar um negócio, mas não deu certo. Quero que prove que trabalhou algum dia comigo. Não tem nada de cheque em meu nome. Inclusive ele abandonou o meu carro e o apartamento e está indo para o Brasil”, relata.

Em seu perfil no Facebook, Silvestre divulga serviços de aluguéis de carro de luxo e casas em Orlando e Miami, além de passeios privados em iates e parcerias em shows e eventos na Flórida. Ao ser questionado sobre a agência que presta os serviços, ele afirma que não é proprietário, mas mantém parcerias com várias agências de carro no sul da Flórida.