Irã está na mira dos EUA.

Por Gazeta Admininstrator

Os militares norte-americanos já começam a preparar uma operação onde o alvo seria o Irã com objetivo de "mudar o regime" no país.

O principal foco da operação é interromper o que a administração de George W. Bush chama de "corrida" às armas nucleares, realizadas pelo governo iraniano. No entanto, diversos analistas militares conservadores e liberais acreditam que Teerã ainda não tem capacidade técnica para construir tais artefatos.

A intenção de derrubar o atual governo e a realização de uma intervenção militar foi confirmada por Patrick Clawson, diretor do Instituto para a Estratégia do Oriente Médio.

O "Caso Irã", como ficou conhecida essa vontade de intervenção por parte dos EUA, não é uma novidade, mas ganhou visibilidade na última semana com duas reportagens.

A primeira, foi publicada pela revista New Yorker, com o seguinte título: "Próxima Parada: Irã?". Nela o renomado jornalista Seymour Hersh ("Cadeia de Comando", Ediouro, 2004) diz que o ataque é apenas uma questão de "quando", não mais de "se". A segunda matéria foi publicada pelo Washington Post e também segue a mesma linha.

Os dois jornais se baseiam em diferentes relatos, a maioria anônimos por questão de segurança dos entrevistados, mas concordam em um nome: Patrick Clawson. O jornalista Hersh chega a afirmar que "o plano para a mudança de regime (no Irã) foi articulada no começo de março" pelo acadêmico.

Em cima do muro
Também nessa última semana, o presidente Bush veio a público para dizer que o "Caso Irã" era "especulação selvagem" e que ele não teria nada a declarar. No entanto, não negou que seu governo tivesse tal plano. Como de costume, Bush, ao mesmo tempo em que se mostrava em cima do muro, dava espaço para que seus assessores aumentassem as críticas do governo contra o Irã.

Em discurso a secretária de Estado, Condoleezza Rice, ressaltou que "vai chegar a hora" em que o caso vai exigir "medidas enérgicas". Já Donald Rumsfeld, disse que não iria entrar no "mundo da fantasia" das especulações, mas reconheceu que o governo estava "preocupado com a ambição nuclear de Teerã".

Desviando a atenção
O presidente norte-americano, George W. Bush, tem seus motivos para tentar desviar a atenção de seu público interno para questões que estejam fora dos EUA. De acordo com levantamento feito pelo jornal "Washington Post" e pela rede de TV, ABC, apenas 38% dos norte-americanos aprovam o trabalho que ele vem realizando. 60% o rejeitam. Esse é o maior índice de rejeição já visto.

Três fatores prejudicam a imagem de Bush. 1) As condições no Iraque, onde para vários analistas já existe uma guerra civil. 2) O aumento da pressão e uma maior repercussão da situação dos imigrantes ilegais, a contrapressão idêntica de grupos conservadores 3) O chamado Libbygate, escândalo de vazamento de informações confidenciais para prejudicar um diplomata contrário à condução da Guerra do Iraque, vazamento cuja autoria o presidente finalmente assumiu.

Porém, o empenho concentrado por parte do Governo Bush vem dando seus resultados. Pesquisa divulgada na quinta-feira pelo "Los Angeles Times" e pela agência Bloomberg, conclui que 48% dos americanos apóiam uma "ação militar" no Irã, se este país continuar "produzindo material que pode ser utilizado para desenvolver armas nucleares".

Do lado iraniano, Mahmoud Ahmadinejad continua a jogar mais lenha na fogueira. Nessa última terça-feira, anunciou que seu país entrava no seleto "clube dos países nucleares". Depois, afirmaria segundo uma agência de notícias estatal, "nossa resposta àqueles que estão com raiva pelo Irã ter atingido o ciclo completo de energia nuclear é apenas uma frase: fiquem com raiva e morram de raiva". Já na sexta-feira, diria que Israel, o principal aliado dos EUA no Oriente Médio, é "uma árvore podre e seca" que deve ser "aniquilada".

Ahmadinejad pode estar blefando para pressionar países próximos das fronteiras iranianas, especialmente Afeganistão, Iraque e Israel. Agindo dessa forma, corre o mesmo risco do ex-ditador iraquiano Saddam Hussein, que também dizia a todos que quisessem ouvir que seu país possuía armas nucleares, tendo como objetivo parecer mais perigoso do que realmente era.

Porém, a estratégia de Saddam acabou sendo revelada na madrugada de 20 de março de 2003.