Itália é campeã; alemães conquistam amigos.

Por Gazeta Admininstrator

O troféu mais valioso do futebol está em mãos italianas, mas os jogadores da Azzurra de Marcello Lippi não foram os únicos que comemoraram depois de uma Copa do Mundo da FIFA em que tanto os jogadores quanto os anfitriões alemães deram aos amantes do futebol tantas alegrias.

Da vitória da Alemanha sobre a Costa Rica no jogo de abertura, em Munique, no dia 9 de junho, até o triunfo da Itália sobre a França, na final, em Berlim, exatamente um mês depois, os eventos na Alemanha fascinaram mais de 30 bilhões de pessoas no mundo todo (audiência acumulada).

Todos acompanharam enquanto 32 times, de Angola aos Estados Unidos, conspiraram para entusiasmar e encantar durante a maratona de 64 partidas e 147 gols com a presença de 3.359.439 pessoas em 12 estádios – e outros tantos milhões nas Fan Fests espalhadas pela Alemanha.

No final, a Itália conquistou o título graças a um verdadeiro trabalho coletivo. Vinte e um do plantel de 23 jogadores de Lippi jogaram, e dez deles acharam o fundo da rede nessa Copa do Mundo.

Com a defesa construída em torno do goleiro Gianluigi Buffon e do capitão Fabio Cannavaro, a Itália defendeu-se maravilhosamente bem e tomou apenas dois gols – um gol contra e outro de pênalti.

Houve muito mais para admirarmos, da mistura de elegância e força no meio-de-campo de Andrea Pirlo e Gennaro Gattuso, às investidas corajosas dos laterais Gianluca Zambrotta e Fabio Grosso. Foi o gol de Grosso que definiu uma semifinal fantástica contra a Alemanha e sua última cobrança de pênalti selou a vitória na final.

Adeus a Zidane

Pouquíssimos previam a presença da França na final, mas Zinedine Zidane voltou no tempo para ajudar os Bleus a despacharem a Espanha e o Brasil e seguirem rumo à final. Seu empenho lhe valeu a Bola de Ouro adidas, mas ainda que ele tenha balançado a rede na final contra a Itália – oito anos depois de marcar dois gols na final de 1998 – não houve final feliz pois sua participação de despedida acabou em cartão vermelho. Embora Zidane agora faça parte do passado da França, as atuações de Frank Ribery na Alemanha indicam um futuro brilhante.

Portugal também deve estar contente depois de chegar entre os quatro finalistas pela primeira vez desde 1966. Com Cristiano Ronaldo voando pelos flancos e Ricardo Carvalho e Maniche mantendo uma base sólida, o técnico, Luiz Felipe Scolari por pouco não chegou a uma segunda final consecutiva, depois de sua vitória em 2002, com o Brasil.

Outro técnico que tem motivos para se orgulhar é Jurgen Klinsmann, da Alemanha. Os críticos tiveram que engolir as palavras quando seu time jovem conquistou o terceiro lugar, depois de mostrar um futebol bonito, ofensivo e veloz. A Alemanha encerrou o torneio com 14 gols e a liderança na artilharia – cinco do vencedor da Chuteira de Ouro adidas, Miroslav Klose, e três de Lukas Podolski, o Melhor Jogador Jovem Gillette.

Alemanha ‘incrível’

Mais do que tudo, a Nationalmannschaft de Klinsmann assimilou o espírito da Alemanha 2006. O antigo estereótipo da austera eficiência alemã caiu por terra com Michael Ballack e companhia no gramado, curtindo a função inusitada de azarões. Fora do gramado, o povo alemão se apossou do lema ‘Um tempo de fazer amigos’ e o transformou em algo verdadeiro e significativo.

Além da paixão pelo futebol ressaltada pelos milhões de torcedores que se reuniram na "Fan Mile" em Berlim para assistir aos jogos na Alemanha, o país anfitrião também demonstrou generosidade ilimitada em relação aos muitos visitantes. Ao agradecer seus compatriotas em Berlim, no dia 9 de julho, Klinsmann disse “Vocês são incríveis”– palavras dirigidas também aos 1.600 voluntários do torneio, cujos níveis de organização e de entusiasmo foram fantásticos.

Enquanto o festival corria solto nas ruas da Alemanha, nos estádios havia ainda mais para curtir. Antes de perder para os donos da casa, nas quartas-de-final, a Argentina mostrou um futebol brilhante e marcou o melhor gol “de equipe” desses jogos em sua vitória esmagadora, por 6 a 0, sobre a seleção de Sérvia e Montenegro, quando uma bela troca de passes argentinos culminou no gol marcado por Esteban Cambiasso. Além disso, os argentinos possivelmente marcaram o melhor gol individual também, o belo chute de Maxi Rodriguez que derrotou uma formidável equipe mexicana nas oitavas-de-final.

Os azarões deixam sua marca

Outros destaques foram proporcionados por nomes menos conhecidos: a minúscula Trinidade e Tobago segurou a Suécia com um empate de 0 a 0 em seu jogo de estréia na Copa do Mundo; o Equador derrotou a Polônia e a Costa Rica para chegar às oitavas-de-final pela primeira vez; e os animados australianos reagiram para vencer o Japão com três gols nos últimos dez minutos, chegando assim às oitavas-de-final.

Os jovens da Espanha e da Suíça (que voltou para casa sem tomar um único gol) mostraram muitas promessas antes de serem eliminados nas oitavas-de-final; Também houve decepções notáveis. Os atacantes-estrelas do Brasil ficaram devendo apesar de chegarem às quartas-de-final e de Ronaldo quebrar o recorde de Gerd Muller em número de gols marcados na Copa do Mundo da FIFA. Os torcedores ingleses foram melhores do que seu time. Portugal e Holanda viram muitos cartões vermelhos em uma partida conturbada nas oitavas-de-final. Os times da Ásia não conseguiram repetir suas atuações inovadoras de 2002 e voltaram para casa bem cedo.

As etapas eliminatórias trouxeram menos gols – que garantiu a menor média de gols desde 1990 – e pouquíssimas grandes surpresas, exceto, talvez, pela chegada da Ucrânia às quartas-de-final em sua estréia na Copa do Mundo.

Provavelmente os estreantes mais brilhantes vieram da África. A Costa do Marfim deu verdadeiros sustos na Argentina e na Holanda, apesar de perder para ambos. Angola empatou com México e Irã, e uma ofensiva seleção de Gana, liderada por Stephen Appiah e Michael Essien, derrotou a República Tcheca e os EUA antes de sucumbir diante do Brasil, nas oitavas-de-final.

Eles se fortalecerão com as experiências vividas aqui bem como o desafio africano, em casa, daqui quatro anos. O maior show do futebol será na África do Sul em 2010: um novo continente mas, sem dúvida, a velha magia de sempre.