Itamaraty atrasa pagamento de aluguel de Consulado de New York e missão da ONU

Por Gazeta News

Com a crise econômica do Brasil, um problema que já vem se arrastando há décadas, está se agravando. Com o corte de R$ 41 milhões no orçamento neste ano e a valorização do dólar, o Itamaraty tem atrasado em até três meses o pagamento de aluguéis da missão do país na ONU e do consulado em New York.

O auxílio-moradia a servidores concursados tem demorado até quatro meses para ser desembolsado. O Itamaraty paga por mês US$ 76 mil para manter o escritório da missão brasileira nas Nações Unidos e US$ 127 mil para a sede do consulado. Com 90% dos gastos do ministério em dólar, a desvalorização do real agravou a situação da pasta, que não reajusta os valores de acordo com a variação cambial. No início do ano, o dólar estava na casa de R$ 2,70, no dia 9, estava a R$ R$ 3,73.

A crise é sentida pelos 261 funcionários lotados em postos nos EUA, que recebem, no total, US$ 730 mil em auxílio-moradia. Com os altos preços pagos por moradia em New York, o benefício, em alguns casos, chega a responder por metade dos ganhos de servidores. Ambos os escritórios ficam no centro da cidade, área comercial de alto valor imobiliário e onde se localizam sedes diplomáticas do mundo inteiro. A embaixada na ONU está localizada no mesmo endereço desde 1972. O consulado, desde 2013.

O Itamaraty afirmou, em nota, que "tem envidado os esforços para garantir os recursos necessários para o pagamento de todas as despesas pendentes e tem procurado atender prioritariamente aos casos mais prementes".

Como alternativa, o Itamaraty pensou em comprar imóveis para servir de sede permanente da missão do Brasil na ONU, mas o governo desistiu da compra. A residência oficial do embaixador em Nova York é de propriedade do governo brasileiro, que comprou o imóvel no bairro Upper East Side nos anos 1950, assim como a casa do embaixador em Washington, que também é de propriedade do país.

Crise do Itamaraty

Não é só a crise econômica que coloca o Itamaraty em crise. Em 2003, primeiro ano do governo Lula, os aluguéis da sede da missão na ONU e o do consulado também atrasavam, bem como o desembolso de benefícios. Em 1992, no governo Fernando Collor de Mello, as embaixadas acumulavam dívidas por falta de pagamento de aluguéis e contas de água, energia elétrica e telefone. No início deste ano, o primeiro do segundo mandato de Dilma Rousseff, diplomatas em diferentes representações do Brasil no exterior relataram falta de dinheiro para contas de energia e internet. A Embaixada no Benin (África) chegou a ter o fornecimento de energia cortado. Fonte: Folha de São Paulo.