Jorgina, a fraudadora, dá o troco e expõe um câncer brasileiro - Editorial

Por Carlos Borges

Espero que a chamada “grande mídia” do Brasil, faça o devido escândalo caso a denúncia que corre pelas redes sociais seja verdadeira. Leiam abaixo o que pode ser mais um nojento capítulo da corrupção descarada que se alastra pelos bastidores políticos do nosso país.

Quem se lembra da ex-procuradora do INSS, Jorgina de Freitas, sabe que em 1992, foi condenada junto com o juiz Nestor José Nascimento e o advogado Ilson Escóssia por fraudes que desviaram R$ 310 milhões do INSS.

Posteriormente, Jorgina foi condenada a devolver aos cofres públicos R$ 200 milhões (sobre os R$110 milhões faltantes, não se falou mais). Ela fugiu do Brasil e foi presa na Costa Rica, em 1997.

Agora, embora continue cumprindo a pena, Jorgina de Freitas passou ao regime semiaberto, porque conseguiu um emprego. Adivinhem onde? Foi contratada pela CEDAE (Companhia Estadual de Águas e Esgotos do Rio de Janeiro) como “assessora” do presidente da empresa, Wagner Victer.

É de se imaginar que Jorgina estaria recebendo uma “recompensa” por não ter entregue toda a quadrilha envolvida naquele escândalo.

É de se imaginar, também, que ela não fosse a única a se beneficiar com as fraudes. Talvez por isso, os “homens públicos” que foram seus “sócios”, agora prestem-lhe socorro.

Pois é. A criminosa, julgada e condenada, está aí de volta, e com cargo no governo do Rio. Esta é mais uma prova evidente de que, no nosso país, o crime compensa.

O fato é que, não é de hoje, os dirigentes brasileiros desprezam qualquer compromisso com a moralidade, a honestidade e muito menos ainda com a opinião pública.

As quadrilhas de políticos que, no Brasil, repartem ou muitas vezes travam batalhas sangrentas pelas fatias do dinheiro público, não têm diferença das gangues mexicanas da droga ou dos traficantes dos morros cariocas. A lei dessa corja abominável que pode destruir facilmente duras conquistas que nosso país tem alcançado nos últimos anos, é uma só: “farinha pouca, todo o pirão para o nosso grupo”. E o “grupo” ao qual Jorgina se aninhou, tratou de recompensá-la por sua lealdade em não apontar os comparsas.

O fato dela ter ficado mais de 10 anos na cadeia e mesmo assim se manter calada, pode ser atribuído simplesmente ao desejo de se manter viva. No Brasil, “queima de arquivo” não é uma prática exclusiva dos bandidos suburbanos e dos morros. É uma ação corriqueira dos criminosos de colarinho branco, com cargos importantes, carros importados e seguranças pagos com o dinheiro do contribuinte.

Mas a raiz desse tumor maligno que corrói o nosso país e contamina nossa sociedade a ponto de celebrar o ladrão bem sucedido em vez do honesto cumpridor de seus deveres, está na própria sociedade.

O povo brasileiro, em uma celebração ao masoquismo - continua elegendo quem lhes rouba, violenta e destrói.

O povo brasileiro, digamos que até “inocente” em seu majoritário desinteresse em agir e se manifestar, segue sendo o grande agente perpetuador de um sistema feudal, brutal, onde valores básicos como honestidade, probidade, amor à causa pública e respeito pelo contribuinte, sem falar no respeito à Lei, são motivos de piada.

O Brasil que emerge para o mundo como um exemplo da potência que podemos ser, vê essa eclosão gravemente comprometida pelo lastro de corrupção que permeia, infelizmente, todos os níveis dos relacionamentos sociais e tendo como exemplo negativo maior, a inacreditável frequência com que casos como o de Jorgina, são revelados.

Em 10 meses de governo, Dilma, uma presidenta que tem se mostrado inimiga número 1 dos corruptos, 4 ministros foram demitidos por claras evidências de altos níveis de corrupção. Ou seja, a cada 2 meses, um ministro de Estado é demitido por roubalheira. Ponto para Dilma, triste constatação para o povo brasileiro.

Onde é que isso vai parar? Se é que vai?