O jornal comunitário como ferramenta para os turistas - Editorial

Por Marisa Arruda Barbosa

thumb

Já faz algum tempo que temos divulgado, aqui, histórias de turistas levantando a economia, o quanto o governo local está se abrindo aos turistas e até mesmo a ideia de aceleração na isenção de vistos para os brasileiros que vêm para o sul da Flórida, especialmente a Orlando, para fazer compras e visitar parques. Também não podemos nos calar ao servirmos de voz para aquele brasileiro que fica frustrado com a viagem que tanto planejou.

Esse é o caso desta edição, com a história de Jean Carlo Souza (na página 23), brasileiro que alega ter tido dinheiro roubado do cofre dentro do próprio quarto do hotel. Deixamos para as autoridades locais a investigação do ocorrido e não nos prestamos a defender o brasileiro. Mas como esse caso é corriqueiro para a polícia local, nos sentimos na obrigação de dizer que havia um jornal servindo de voz para ele.

Se já é difícil para um imigrante se comunicar com autoridades na eventualidade de uma emergência, para o turista a confusão é ainda maior. Entender o que aconteceu, ter certeza de que autoridades darão a atenção merecida ao caso e pedir explicações do hotel através somente de um intérprete, pode ser em vão.

Ao falar com a polícia do condado de Orange, percebemos, sim, que esse é um caso corriqueiro. Já o hotel, localizado dentro da Disney, mal se pronunciou sobre o caso.

Nessas horas, o turista fica “lost in translation” e a mídia local pode usar sua experiência para ajudar em dois sentidos. Primeiramente, para demonstrar que o turista não irá simplesmente embora sem ao menos tentar fazer tudo que está a seu alcance, o que inclui acionar a mídia brasileira local. Segundo, estar disponível não só para a comunidade brasileira que vive nos Estados Unidos, como também para qualquer pessoa que conte com o nosso serviço.

E por que isso importa para a comunidade brasileira local? O brasileiro vem para os Estados Unidos para se sentir seguro e amparado. Quando isso não acontece, a frustração é ainda pior do que se isso acontecesse no Brasil. Ajudar um brasileiro a se comunicar – e não defendê-lo, pois é para isso que as autoridades locais existem e exercem seus trabalhos tão bem de investigação - , é nos fortalecer enquanto mídia comunitária também entre as autoridades locais.

Chamo atenção a outra matéria nessa edição, falando de nosso alcance, através do website, a lugares que não imaginamos. Na página 19, publicamos uma nova matéria sobre Maisa Alvarez, presa por ter esfaqueado o filho de sete anos, em uma cidade próxima a Orlando, em uma ação que poucos entendem, muito menos seus conhecidos. Amigas suas em Araraquara leram a matéria no nosso site e descreveram Maisa como uma mãe exemplar, apesar de depressiva.

Em imigração, agora ficamos assistindo o desenrolar da Ação Deferida, com a história do brasileiro que está entre o primeiro grupo a ser aprovado pela imigração, recebendo sua resposta em poucos dias (veja matéria na página 28). Vemos também os Estados agora tendo que lidar com a questão da concessão ou não de carteiras de motoristas aos jovens elegíveis, uma vez que isso terá que mudar um pouco a exigência de documentos a serem apresentados ao DMV (página 26).