Jornalismo Ambiental no Brasil - Pense Green

Por Fernando Rebouças

Em 1968, a partir da Conferência da Biosfera, realizada em Paris, surgiria a primeira entidade de jornalismo ambiental na França. Depois de 1972, depois da Conferência da ONU sobre o Meio Ambiente, realizada em Estocolmo, a temática ambiental passou a ser mais frequente na imprensa. Porém, nos anos 80, com a eclosão de assuntos relacionados com a Amazônia, Chico Mendes e a queda do muro de Berlim; e nos anos 90, com a realização da ECO 92 e a consequente abertura do tema em nível popular, houve uma profissionalização da imprensa na área ambiental que ainda trabalha desamparada de patrocinadores em veículos específicos e seculares.

Entre os dias 17 e 19 de novembro, será realizado no Rio de Janeiro, o IV Congresso de Jornalismo Ambiental, na PUC-Rio. Entrevisto Dal Marcondes, um dos organizadores do evento e diretor e editor do portal Envolverde para esclarecermos detalhes importantes da temática e do evento.

1 – Dal Marcondes, em 2005, foi realizado o 1° Congresso Brasileiro de Jornalismo Ambiental. Na época, a principal preocupação era a abertura desse jornalismo no país?

O jornalismo ambiental é uma modalidade que vem crescendo desde os anos 1970. A partir da Rio-92 mais veículos passaram a dar ênfase ao assunto. No entanto, as pautas ainda eram basicamente do tipo tragédia ou natureza. O que trabalhamos no 1º Congresso de Jornalismo Ambiental, em 2005, foi a ampliação do escopo das pautas, para um contexto de sustentabilidade. O objetivo era fazer com que as reportagens fossem mais abrangentes, com mais informações sobre os impactos econômicos e sociais.

2 – Os EUA, apesar de ser apontado como o vilão tradicional das questões ambientais, possui editorias ambientais maduras. O posicionamento da imprensa pode ajudar nas responsabilidades de um país?

Alguns veículos dos Estados Unidos praticam um jornalismo que é referência, mas não é uma coisa generalizada. Uma imprensa livre e bem informada pode ajudar em muito a conscientização da sociedade em relação a temas críticos, como as mudanças climáticas, por exemplo. Mas é preciso que a cobertura de todos os temas tenha claramente seus impactos ambientais, pois todas as atividades humanas representam algum tipo de risco.

3 - Diariamente, jornais brasileiros publicam essa temática se alimentando de fontes americanas e europeias. Falta reconhecimento aos jornalistas brasileiros que atuam no Brasil e exterior?

Jornais buscam a notícia onde ela estiver. No caso das pautas ambientais elas estão por todos os lados, há pautas no Brasil e no exterior. Os jornalistas brasileiros estão cada vez mais preparados para abordar estes temas. Ainda há muito a se fazer em relação ao preparo desses profissionais, mas já se avançou muito e há cada vez mais jornalistas com especialização nessa área. Esse é o objetivo do 4º Congresso Brasileiro de Jornalismo Ambiental, continuar a preparação dos profissionais de comunicação para tratar de temas socioambientais e de sustentabilidade.

3 – O evento é mantido pela RBJA (Rede Brasileira de Jornalismo Ambiental), como a instituição se mantém e como a mesma é percebida?

A Rede Brasileira de Jornalismo Ambiental existe desde o final dos anos 1990 e é uma rede virtual pela internet. Não se configura uma organização com CNPJ, mas tem um corpo de moderadores que garantem a qualidade dos debates e diálogos na troca de emails entre os participantes. Hoje essa rede tem uma reputação excelente entre os atores da comunicação no Brasil, principalmente por congregar profissionais de diversos meios e com reconhecida competência.

4 – O que os brasileiros e estrangeiros podem esperar do IV Congresso a ser realizado em novembro, no Rio de Janeiro?

Esse 4º Congresso terá a participação de alguns dos mais importantes atores da sustentabilidade no Brasil e no mundo, tais como os economistas Ignacy Sachs, Ricardo Abramovay, Ladislau Dowbor e Sergio Besserman, pesquisadores como José Pingueli Rosa e Ismar Soares, além de grandes jornalistas e executivos de comunicação. Será uma oportunidade para se debater as pautas que surgirão na Rio+20 e como os jornalistas devem se preparar para isso.

5 – Sendo o Brasil o campeão da biodiversidade e maior detentor da Amazônia, vocês pretendem convidar e receber jornalistas do exterior e criar um elo mais profundo com a imprensa estrangeira?

Normalmente o Congresso atrai jornalistas estrangeiros. Este ano não será diferente. No entanto, desta vez não teremos uma programação específica para estrangeiros.