Julgamento da morte de adolescente brasileiro na FL é adiado pela quarta vez

Por Arlaine Castro

roger foto
  • Família questiona morosidade da justiça pelo crime que completará um ano

A pedido do advogado de defesa do menor Simon Hall, 16 anos, envolvido na morte do adolescente gaúcho Roger Trindade em Winter Park no ano passado, o julgamento final do caso foi mais uma vez adiado, tendo sido remarcado para os dias 1º e 2 de novembro.

As informações são de Adriana Thomé, mãe de Roger, que contou ao GAZETA na quarta-feira, 16, que esta é a quarta vez que a justiça atende a pedidos dos advogados de defesa. Adriana explicou que a família foi informada do adiamento pela promotoria do caso há umas três semanas, e que, segundo a nova juíza, esta será a última vez que o julgamento não ocorrerá na data previamente marcada.

“Eu fiquei triste por terem adiado novamente e por terem marcado para os dias 1º e 2 de novembro, ainda longe, e o aniversário do Roger é no dia 3 de novembro. Escrevi um email para a promotora indignada, mas não recebi respostas até agora”, ressaltou Adriana.

Para Adriana, a alegação do advogado de que não conseguiu contatar todas as testemunhas é mais uma manobra para que ganhem tempo e assim diminua o tempo de prisão dos menores. “Quanto mais velhos eles ficam, menos tempo de cadeia pegam. Com o tempo a gente aprende muita coisa, inclusive sobre as leis americanas”, menciona.

Todos os três acusados estão em prisão domiciliar. Os outros dois adolescentes envolvidos são Jesse Sutherland, 16, e JaggerGouda, 15 anos.

Roger, então com 15 anos, morreu após ser agredido pelos adolescentesna noite do dia 15 de outubro na parte central do Park Avenue em Winter Park. O adolescente foi resgatado inconsciente e levado para o hospital, onde foi declarada a morte cerebral e retirado de suporte vital em 17 de outubro.

Xenofobia

Adriana acredita que a morte do filho pode estar relacionada ao fato dele ser imigrante e falar português. “Vendo tudo o que está acontecendo aqui nos EUA não tem como não pensar que tudo isso pode ter acontecido porque ele estava falando português e os meninos ouviram. Eu não sei, mas a polícia já na primeira oportunidade foi para a TV dizer que não era preconceito, mas como as coisas aconteceram dá pra acreditar que pode ter sido por ele ser imigrante”, desabafa.

Os pais de Roger moram em Novo Hamburgo (RS) e se mudaram para o Colorado há uma semana, segundo Adriana, “para tentar um recomeço psicológico”. A filha do casal, Laura Thomé, continua no Brasil. “Tem sido difícil viver esses dias sem o Roger, ele era um menino excepcional que não merecia tamanha agressividade e ódio contra ele”, diz Adriana.

Legenda: Roger foi agredido e levado inconsciente ao hospital, onde teve morte cerebral decretada em outubro do ano passado, em Winter Park.