Justiça reabre caso que inspirou

Por Gazeta Admininstrator

Imortalizado em 1988 no filme Mississippi em Chamas, o caso do assassinato de três jovens ativistas de direitos humanos há 40 anos na localidade de Filadélfia (Mississippi) acaba de ser reaberto. Ray Killen, um ex-líder do grupo racista branco Ku Klux Klan (KKK) que perseguia negros e judeus, foi acusado em janeiro de ter organizado a chacina. Killen já havia sido julgado em 1967 pelos crimes, ocorridos três anos antes, e absolvido.

Michael Schwerner, de 24 anos, Andy Goodman, de 20, e James Chaney, de 21, chegaram a Filadélfia em junho de 1964 procedentes de Nova York, para fazer um censo de negros com direito a voto na esteira do chamado Verão da Liberdade. A violenta morte deles causou profunda comoção nos Estados Unidos.

Ao chegar ao povoado de 7.300 habitantes, eles visitaram uma igreja batista de negros queimada pela KKK. Quando deixavam as ruínas, foram detidos pela polícia sob pretexto de excesso de velocidade. Libertados à noite, Schwener e Goodman, judeus, e Chaney, negro, foram capturados por um grupo formado por policiais e membros da KKK e desapareceram.

O FBI (a polícia federal americana) entrou em ação. Quarenta e quatro dias depois, os agentes encontraram os corpos dos três no fundo de uma represa, crivados de balas e com sinais de tortura. Quinze suspeitos, um deles Killen, foram detidos e julgados. Sete foram condenados por violação dos direitos civis das vítimas. Oito foram absolvidos, entre eles, Killen.

O novo julgamento de Killen, ex-empregado de um armador e pastor batista, começou ontem com o processo de seleção do júri, composto de 12 pessoas. Os jurados serão escolhidos entre 400 candidatos, previamente entrevistados pela promotoria e defesa.

Os primeiros candidatos chegaram à sede do tribunal protegidos por um forte esquema de segurança. "Isso se faz necessário porque aqui estarão as famílias do réu e das vítimas", justificou o xerife Larry Myers. "Queremos um clima seguro para todos. Há muita emoção em jogo aqui." Killen foi levado à sala de audiências numa cadeira de rodas. Ele se recusou a fazer declarações.