Katrina: auditores investigarão contratos de reconstrução

Por Gazeta Admininstrator

Um dia depois de submeter o ex-chefe federal de controle de emergências a um duro interrogatório, o comitê da Câmara de Deputados dos Estados Unidos que investiga a reação desastrada do governo à passagem do furacão Katrina ouviu de auditores federais a promessa de que os contratos assinados pela administração George W. Bush, no valor de milhões de dólares, para a reconstrução das áreas afetadas serão analisados cuidadosamente. As companhias agraciadas têm ligações políticas com o governo.

Os inspetores-gerais de seis agências, bem como funcionários do Escritório de Responsabilidade Governamental, falaram para subcomitê de rescaldo do Katrina da Câmara e anunciaram diversas novas auditorias para combater desperdícios e fraudes. Eles prometeram uma supervisão severa, incluindo revisão de contratos sem licitação e o acompanhamento de funcionários públicos que agora têm acesso a contas de despesas de US$ 250.000 (mais de R$ 500.000) em cartões de crédito pagos pelo governo.

"Quando há tanto dinheiro disponível, pessoas de caráter menos que perfeito sentem-se atraídas", disse Walker Feaster, inspetor-geral da Comissão Federal de Comunicações.

A presença dos auditores e inspetores na Câmara se dá em meio a crescentes acusações de favoritismo que, segundo os críticos, levaram o governo a cometer erros após o desastre do Katrina.

Nas semanas que se seguiram à chegada da tempestade, mais de 80% dos contratos distribuídos pela Agência Federal de Gerenciamento de Emergências (FEMA), no valor de US$ 1,5 bilhão, foram atribuídos com pouca ou nenhuma competição, ou continham cláusulas vagas e abertas que, segundo auditores, tendem a favorecer fraude.

São citados contratos como o de US$ 16 milhões com a Kellogg, Brown Root, uma subsidiária da Halliburton, já acusada anteriormente de superfaturar serviços prestados no Iraque; e a Bechtel Corp. Ambas companhias têm laços estreitos com o governo Bush.