Dano em Mariana é irreversível, diz pesquisador

Por Gazeta News

Foto: Facebook Greepeace Brasil

A avalanche de rejeitos gerada em Minas Gerais pelo rompimento de duas barragens da mineradora Samarco, controlada pela Vale e a australiana BHP, causou danos ambientais imensuráveis e irreversíveis, segundo Marcus Vinícius Polignano, coordenador do Projeto Manuelzão, projeto ambiental da Universidade Federal de Minas Gerais.

Até a tarde do dia 16, 12 pessoas seguiam desaparecidas, sendo nove funcionários da Samarco e três moradores de Bento Rodrigues. Quatro corpos aguardavam identificação. Sete mortos na tragédia já foram identificados.

De acordo com o pesquisador, em entrevista ao “El País”, apesar da lama não ter um teor tóxico, ela pavimentou os mais de 500 km por onde passou devastando, com impacto ainda difícil de calcular completamente para grande parte do ecossistema da região.

“Podemos dizer que 80% do que foi danificado lá é perda, não há como pensar em um plano de recuperação ambiental”, explica Polignano.

Sobre a dimensão do estrago ambiental causado pelo rompimento das barragens, o pesquisador diz que é de uma magnitude, a princípio, imensurável. “A avalanche de lama rompeu e despejou cerca de 62 milhões de metros cúbicos de rejeitos. Apesar dessa lama não ter aparentemente uma composição tóxica do ponto de vista químico, a densidade por si é altamente impactante, porque ela foi fazendo um tsunami de rejeitos que por todos os lugares em que passou devastou, matou e impactou”.

A respeito do Vale do Rio Doce, como ele é maior e tem outros afluentes, segundo Polignano, isso ajuda na recuperação. “Acho que em 10 anos talvez ele consiga ter um padrão melhor, mas mesmo assim, dada a dimensão, ainda é uma estimativa que não vai ter como medir”.

Retomada da captação de água no Rio Doce

De acordo com o “G1”, o governo de Minas Gerais anunciou que a captação de água do Rio Doce, atingido pela lama das barragens, está sendo retomada e as primeiras casas já começaram a ser abastecidas.

Para isso, está sendo utilizada uma substância coagulante chamada polímero de acácia negra, que acelera o processo de decantação, permitindo a separação dos resíduos.

A Secretaria Nacional de Proteção e Defesa Civil (Sedec) anunciou, também no dia 16, que o abastecimento de água em Governador Valadares (MG) foi reestabelecido. Segundo a prefeitura da cidade, a água deve chegar em todos os bairros até a próxima sexta-feira, dia 20.

O laudo da empresa registra que não há contaminação química por materiais pesados ou qualquer substância que impeça a utilização da água do Rio Doce para o consumo humano.

Por outro lado, a água coletada pelo SAAE (Serviço de Água e Esgoto) de Valadares aponta um índice de ferro 1.366.666% acima do tolerável para tratamento - um milhão e trezentos mil por cento além do recomendado, segundo relatório enviado ao “R7”. Os níveis de manganês, metal tóxico, superam o tolerável em 118.000%, enquanto o alumínio estava presente com concentração 645.000% maior do que o possível para tratamento e distribuição aos moradores.

Samarco vai pagar R$ 1 bilhão

O Ministério Público de Minas Gerais (MPMG) informou, no dia 16, que foi firmado um termo de compromisso preliminar com a mineradora Samarco, para o pagamento de uma caução socioambiental de R$ 1 bilhão. Este valor, conforme o MP, não tem relação com as multas de R$ 250 milhões aplicadas pelo IBAMA e nem com os R$ 300 milhões da Samarco bloqueados pela Justiça. O dinheiro deve ser usado para começar a reparar o dano causado por barragens de Mariana. A primeira parcela de R$ 500 milhões vai ser paga em 10 dias.

Fonte: El País, G1 e R7.