Lei seca X assassinos no trânsito

Por Gazeta Admininstrator

Quem vem acompanhando os noticiários da TV e websites brasileiros, nas duas últimas semanas, deve ter notado o grande espaço dado à implementação da “Lei Seca” no trânsito em diversas capitais brasileiras. A aplicação das blitz generalizadas para flagar quem dirige alcoolizado, em menos de 15 dias, já resultou em sensível diminuição das ocorrências nas emergências médicas nos finais de semana.

Os números são incríveis: 18% de redução em São Paul, 36% em Porto Alegre. Algo inimaginável e que comprova a necessidade imediata de se tomar providências sérias contra um dos maiores problemas da sociedade brasileira, que é a impunidade de quem bebe e dirige.
Há décadas o Brasil tem um dos maiores índices de mortes por acidentes de trânsito, mais de 87% delas causadas por motoristas alcoolizados. As estatísticas da irresponsabilidade brasileira no trânsito são calamitosas. No nosso país, o trânsito mata mais que qualquer doença. Mais do que câncer, aids e ataques do coração, somados.

A “Lei Seca” veio mais do que na hora apropriada. É interessante observar como os brasileiros estão reagindo. Os depoimentos são ilustrativos de uma mentalidade onde responsabilidade e perigo são coisas “relativas”. O advogado de um jovem que dirigia alcoolizado e que não passou no “teste do bafômetro” se declarava “indignado” com o “rigor” do teste e que os “direitos humanos” de seu cliente estão sendo violados.

Certamente este adovogado não levaria jamais em conta os “direitos humanos” das milhares de vítimas inocentes que todos os dias têm suas vidas dramaticamente ceifadas pela ação de motoristas bêbados em todos os pontos do país, já que o drama está longe de ser um fenômeno localizado nas grandes metrópoles.

Quando se trata de traçar o perfil de quem dirige alcoolizado no Brasil, as informações são claríssimas.

Estudo feito, em 2006, pelo Departamento de Trânsito do estado de São Paulo, revela que de cada 100 acidentes com vítimas fatais ocorridos no país, 87 são causados por motoristas com graus elevados de álcool no sangue. Desses 87, 81 são causados por motoristas do sexo masculino que dirigiam embriagados; 77 tinham menos de 30 anos.

Ou seja, a esmagadora maioria de quem dirige alcoolizado e mata pessoas, é composta de homens com menos de 30 anos. A juventude é mesmo o maior alvo da “Lei Seca”.

E note-se que nesta estatística não aparecem outras formas de drogas que, certamente, contribuem para aumentar ainda mais o foco do policiamento sobre jovens, do sexo masculino, ao volante.

O Brasil está dando uma prova de maioridade ao impor severa fiscalização a quem dirige com teores de álcool no sangue acima do que a Lei permite.

Mais além da fiscalização (que não pode “relaxar”, como aconteceu com quase todas as leis e fiscalizações que se iniciam em nosso país) existe a expectativa de que os criminosos do asfalto passem a ser severamente punidos por seus crimes. Esta é uma outra tenebrosa tradição brasileira, onde crimes de trânsito são tratados com enorme indulgência, a ponto do criminoso acabar sendo “vitimizado”.
Uma efetiva combinação dessa importante aplicação da “Lei Seca” com a punição exemplar de quem dirige bêbado e mata, representará um alento para toda a população brasileira. Não só as estatísticas das tragédias nas ruas estarão sendo diminuídas, como a tão abalada fé da sociedade brasileira nos nossos sistemas policial e judiciário vai, finalmente, ganhar uns pontinhos positivos.