Leucemia Viral em Felinos

Por Dr. Luiz Bolfer

O vírus da Leucemia Viral Felina é um retrovírus (RNA vírus) transmitido entre gatos através da saliva de gatos infectados em contato com os olhos, boca e membrana nasal de gatos não vacinados. Uma outra importante fonte de transmissão é durante a gestação. A leucemia felina é uma doença complexa e a mais comum causada por um agente infeccioso em gatos e consequentemente a que causa o maior número de mortes devido a sua ampla distribuição geográfica entre diversas populações de gatos de rua. Uma outra causa menos comum de contaminação pelo vírus da leucemia é a transfusão sanguínea com uso de sangue contaminado em um gato receptor saudável. Gatos doadores de sangue devem ser testados para leucemia regularmente.

Por ser uma doença complexa, irei comentar o que acredito ser de valor para o conhecimento geral. Para maiores informações eu recomendo uma consulta com o seu veterinário. O vírus da leucemia felina consegue se manter ativo dentro de uma população de gatos devido a sua capacidade de infectar gatos e se manter latente, ou seja, sem causar maiores danos ao seu portador, que por sua vez se torna um transmissor passivo. Acredita-se que muitos gatos conseguem eliminar este vírus do sistema e se tornar imunes, principalmente filhotes de gatos expostos ao vírus durante a gestação. Isto costuma acontecer durante os primeiros 6 meses de vida, e é por este motivo que a maioria dos veterinários irão testar o sangue para leucemia apenas após os 6 meses de idade. Ao mesmo tempo, o número de gatos que sofrem com a infecção está crescendo, nestes gatos, o vírus consegue "escapar" do sistema imune e invadir a medula óssea (localizada dentro dos ossos longos e é local de fabricação de novas células sanguíneas como hemácias, leucócitos e plaquetas), este vírus também é responsável por causar câncer em animais mais velhos.

Uma vez na medula óssea, o vírus irá causar uma doença proliferativa ou degenerativa, irá tornar o seu portador imunodeficiente e predisposto a outras doenças secundárias. Muitos gatos morrem devido às doenças secundárias e não necessariamente devido às lesões degenerativas causadas pelo próprio vírus. O diagnóstico da leucemia felina pode ser desafiador, hoje em dia o veterinário possui acesso à um kit sorológico que testa o sangue em alguns minutos gerando um resultado positivo ou negativo. Alguns gatos, no entanto, necessitam de uma série de outros testes incluindo hemograma e bioquímico, radiografia e testes de anticorpos especializados. Não é raro precisar fazer a biópsia e análise da medula óssea para confirmar a presença do vírus.

Cerca de 85% dos gatos infectados morrem em menos de 3 anos após o diagnóstico independente do tratamento de suporte empregado. Infelizmente não existe um tratamento específico para esta doença. O tratamento é basicamente de suporte e geralmente envolve transfusão sanguínea, uso de glicocorticoides e esteroides anabólicos. A leucemia felina pode também predispor o portador a diversos tipos de câncer como o linfoma. O linfoma, quando presente, possui melhor resposta ao tratamento com quimioterapia, glicocorticoides, drogas antivirais e suporte.

Diante deste cenário, é importante prevenir a infecção. Felizmente existem diversas medidas preventivas para a redução dos riscos de infecção. O recomendado é testar os gatos quando jovens e caso negativo implementar um programa de vacinação de acordo com o seu estilo de vida (acesso à rua ou dentro do apartamento unicamente). A vacinação é recomendada apenas para estes gatos que têm acesso à rua por possuírem alto risco de contaminação. A vacina não ajuda em nada gatos que já são portadores do vírus. O motivo que nos leva a recomendar vacinação apenas para gatos com alto risco de infecção é devido ao fato de que esta vacina em particular pode causar efeitos adversos. Uma outra medida é evitar a concentração de gatos. Em abrigos para gatos, é importante implementar um sistema de isolamento para gatos portadores da leucemia. Infelizmente devido à facilidade deste vírus em se propagar, muitos gatos positivos são eutanaziados em abrigos.

Procure por um veterinário caso seu gato nunca tenha sido testado para leucemia, e ao mesmo tempo faça perguntas para decidir se o seu gato deve ser vacinado ou não. Caso você já tenha um gato positivo, mantenha uma relação constante com o seu veterinário para prevenir a contaminação de outros gatos.

Existem muitos outros detalhes sobre esta doença que não foi possível cobrir neste artigo, para maiores informações o seu veterinário é sem dúvida a melhor fonte, cuidado ao tomar medidas baseadas em informações errôneas presentes em diversos sites na internet.