Líder comemora 20 anos de trabalho junto à comunidade brasileira

Por Gazeta Admininstrator

Marisa Arruda Barbosa

É com muito a comemorar que o pastor Silair Almeida, de 51 anos, completou 20 anos de missão na Primeira Igreja Batista da Flórida, não só pelas conquistas de sua igreja, como também mundialmente. Almeida foi eleito em outubro do ano passado, um dos quatro membros do Conselho de Representantes dos Brasileiros no Exterior (CRBE). Este ano, ele será
homenageado no Press Award, onde receberá o “Lifetime Achievement Award”.

Baiano de Vitória da Conquista, Almeida é casado e tem dois filhos nascidos e criados na Flórida. Em 2001, renovou seu compromisso com a igreja até 2011. Agora, completados os 20 anos, ele anuncia sua renovação de propósito.

“Desde que assumi, a igreja mudou muito, e temos hoje um patrimônio de 10 milhões de dólares”, avalia. “Com isso anuncio que nada, a não ser a morte, vai me tirar da PIB-Flórida”.

Comemorando não só 20 anos de missão, como também o início de mais uma década, Almeida avalia o que passou e as principais questões da comunidade brasileira de hoje, para saber que passos irá seguir.

Gazeta News - Poderíamos dizer que o primeiro passo dessa premiação do Press Award foi sua nomeação ao CRBE? Afinal é um reconhecimento grande se tornar, ao lado de 3 outros, representante da comunidade brasileira em todo o país.

Almeida - “Não, há 5 anos eu recebi a Ordem do Rio Branco, (grau “Grande Oficial”, entregue a personalidades que prestam relevantes serviços ao Brasil. Na medalha consta a frase em latin que significa “em qualquer lugar terei sempre a pátria na minha lembrança”). Acredito que a nomeação ao CRBE foi o que culminou o reconhecimento pelo meu trabalho.
Em 2006, outro reconhecimento foi quando a PIB ficou entre as 100 igrejas de maior crescimento, ficamos em 91º lugar entre 50 mil igrejas evangélicas em toda a América do Norte. A classificação foi de acordo com a Outreach Magazine. Isso coincidiu com a explosão da chegada de brasileiros nos Estados Unidos, que foi entre 2005 e 2006.”

Gazeta News - A PIB tinha 30 membros quando você começou, no ano de 1991. Hoje são quantos? Em sua maioria brasileiros? Conte mais de seus projetos desde então.

Almeida - “Em 2007 a PIB chegou a ter 1800 membros e hoje tem 1300. Muita gente foi embora. Mas eu vou dizer uma coisa: a onda de ir embora acabou. Os brasileiros não estão mais indo embora em massa, mas esporadicamente.
Eu diria que a igreja em 2005 era flutuante. As pessoas estavam aqui de corpo mas com o coração no Brasil. Hoje vejo que a maioria dos que estão aqui, querem ficar aqui. 70% dos membros da igreja tem documentos para ficar no país legalmente.”

Projetos sociais:

Almeida – “Durante os primeiros oito anos eu fiz compras, pessoalmente, em um programa governamental chamado “Daily Bread Food Bank” para distribuir cestas básicas. Desde o primeiro ano, a PIB distribui entre 70 e 100 cestas básicas por semana. Estamos há 20 anos fazendo isso. Depois vieram outros programas sociais, como o PIB Flórida Mall, que vende peças de roupa por $1. Com o dinheiro, compramos mais comida para ajudar nas cestas básicas.

Um outro programa que faz um diferencial na comunidade é do empréstimo de carros. A pessoa passando por necessidade pode se inscrever para pegar emprestado um dos 26 carros da PIB. No momento temos dois carros sobrando. A pessoa usa pelo tempo que precisar, e assina um termo de compromisso dizendo que irá devolvê-lo quando não precisar mais.

Fazemos conexões de banco de trabalho, ligando quem precisa de funcionários e quem procura por emprego.

Temos 10 mil metros quadrados de espaço, um ginásio completo, com tudo funcionando como uma praça esportiva para a comunidade, em um terreno que custava 300 mil, antes pertencente a uma igreja batista americana. Na época fiz uma proposta, e entreguei um cheque de 150 mil. Nos devolveram o cheque e só pagamos 32 mil pela propriedade.

Eu sempre digo que o homem é corpo, alma e espírito. O espírito é a comunhão com Deus. A alma é a emoção, motivo pelo qual temos psicólogos ajudando pessoas aqui. E o corpo é a necessidade física. Tudo isso tem que ficar em equilíbrio.

Além disso, a PIB começou a se expandir pelo mundo. A cada seis meses enviamos um contêiner cheio de roupas para algum lugar do mundo. Desde o terremoto, já enviamos seis contêineres ao Haiti. Agora estamos com 40 mil peças de roupas sendo enviadas a Maceió, no Brasil, e acabamos de entregar 100 fogões às cidades afetadas pelas chuvas na região serrana do Rio de Janeiro. Estivemos na Tailândia depois do tsunami, ajudamos o povo cubano, e assim vamos tendo mais impacto no mundo.”

Gazeta News - Quais as principais questões que enfrentam os brasileiros aqui? Crise, uso de drogas, problemas com a imigração...?

Almeida - “Existem três questões sérias. Estamos lidando agora com a segunda geração de imigrantes. Eles são os filhos dos imigrantes e falam inglês com fluência, têm melhores opções de emprego, e estão passando os pais para trás. Temos o desafio de manter a cultura brasileira entre essas gerações, para que não percam os vínculos com o Brasil.

Temos 150 adolescentes na igreja. É como uma tribo. Eles precisam de um culto diferente, em inglês, que fale na linguagem deles.

Um segundo trabalho é a velha guarda, aqui há 25, 30 anos. Esse grupo não aguenta mais trabalhar mas não pode parar. Essas pessoas precisam de mais remédio do que antes, quando a comunidade era jovem. Até quando dá para levar isso?

Um terceiro problema é a crise se ‘fico ou vou?’ O brasileiro que ainda não tem documentação tem que dirigir sem carteira e passar por um sofrimento diário. Eles sempre avaliam se isso tudo vale a pena ou não.”

Gazeta News - Você é muito ativo no Facebook e Twitter. Como vê isso no seu dia a dia como pastor? Consegue realmente alcançar mais fiéis? Uma matéria no jornal O Globo diz que você é um pastor “moderno”. Que tipo de inovação você fez?

Almeida - “Eu me considero um pastor presencial e virtual. Tenho várias ovelhas pelo mundo, em Londres, no Brasil e em vários outros lugares. Transmito o culto ao vivo pela internet. A PIB tem 5 mil amigos no Facebook e eu tenho quase 4 mil, espalhados pelo mundo. Uso as mídias sociais para aconselhamento, tiro dúvidas, e coloco o que está em meu coração.

A PIB se tornou uma igreja high tech. Temos bandas modernas, iluminação de palco, e um culto sensível a pessoas que nunca entraram em uma igreja. Não usamos jargões, palavras de vocabulário religioso, que as pessoas não entendem. E o mais importante: o culto não passa de uma hora e quinze minutos.

Recentemente fiz uma pesquisa para tentar avaliar qual o futuro na nossa igreja, para saber onde estaria pisando nos próximos anos. Entrevistamos 615 pessoas e descobrimos muitas coisas interessantes, que podem ser aplicadas para a comunidade brasileira.”

Confira alguns números:

30% dos entrevistados são membros há mais de 2 anos.
55% da comunidade tem menos de 50 anos.
81% diz que contribui (financeiramente) para a igreja.
72% investe em projetos sociais.

Voltar ao Brasil:

67% disse que não pretende voltar para o Brasil.
19% diz não ter certeza se voltará ou não.
14% disse que voltará para o Brasil nos próximos cinco anos.

Status imigratório:

25% já tem cidadania.
25% já tem residência.
15% está terminando o processo.
5% tem autorização de trabalho.
30% está no país sem permissão imigratória e ainda não encontrou forma de se regularizar.

Driver’s License:

76% tem carteira válida.
12% está com carteira vencida.
12% não tem carteira.

95% dos entrevistados disseram que a comunidade necessita de encorajamento, de pessoas que digam que a pessoa dará a volta por cima. “O povo está cansado de ouvir mensagens pessimistas”, disse Almeida.

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